Os Anos Perdidos: Resultados da pesquisa "lista com filmes mudos perdidos"

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Dando continuidade a essa série de listas iniciada em 2021, hoje trago mais alguns filmes mudos considerados perdidos. Aproveito para avisar vocês que haverá sequência dessa série de listas sobre filmes perdidos.

Os Quatro Diabos (4 Devils) (1928)

Produzido pela Fox, com direção de FW Murnau e estrelado por Janet Gaynor, este filme foi lançado inicialmente como mudo. Por causa da novidade dos filmes sonoros, a direção da Fox mandou retirá-lo de exibição para adicionar sequências de diálogos sonoros. Esse processo não contou com a participação de Murnau. A única cópia conhecida foi emprestada para a atriz Mary Duncan e ela acabou perdendo-a.

Macbeth (1913)

Uma das inúmeras adaptações literárias cinematográficas da obra de Shakespeare durante a fase silenciosa do cinema. Produzido na Alemanha, há controvérsias sobre o seu estado de conservação. Embora muitas fontes o classifiquem como perdido, alguns historiadores afirmam que o Museu Internacional de Fotografia e Filme no Museu George Eastman possuem cópias dele.

Bella Donna (1915)

Estrelada por Pauline Frederick, conta a história de uma mulher que envenena seu marido para ficar com o amante. A história ganhou uma nova regravação em 1923, com Pola Negri no papel principal.

Carmen (1915)

Este é um dos vários filmes perdidos estrelados por Theda Bara. Escrito e dirigido por Raoul Walsh, foi produzido às pressas para estrear antes da versão produzida por Cecil B. DeMille, que contava com Geraldine Farrar no papel principal. Embora tenha sido um sucesso de bilheteria, os críticos acabaram preferindo a versão de DeMille.

As Duas Órfãs (The Two Orphans) (1915)

Estrelado por Theda Bara, foi um dos vários filmes perdidos no incêndio da Fox na década de 30. Foi também suplantado pela versão produzida por D.W. Griffith em 1921: "Órfãs da Tempestade" (Orphans of the Storm), que embora tenha sido um fracasso na época do lançamento, tornou-se mais popular pelo fato de ter sobrevivido ao tempo.

Barro Humano (1929)

Anteriormente, fiz uma série de posts sobre filmes mudos perdidos e um post sobre a preservação de filmes mudos. Aqui no Brasil não seria diferente. Além de sofrermos com a perda de diversos filmes e uma grande obscuridade de informações sobre os primórdios do cinema brasileiro, sofremos também com a falta de memória e respeito a nossa arte e cultura. Na lista contida neste artigo, trago filmes da era silenciosa e falada.

Paz e Amor (1910)

Um dos filmes brasileiros mais antigos considerados perdidos. De acordo com as pesquisas que fiz, mesmo sendo um filme mudo, era um musical, tendo inclusive uma música de Chiquinha Gonzaga, a clássica "Ô Abre Alas". De acordo com materiais da época, sua duração era de cerca de uma hora e chegou a ser exibido em uma versão colorida (provavelmente tendo o negativo tintado ou pintado à mão).

Barro Humano (1929)

Dirigido por Adhemar Gonzaga, um dos mais importantes (e hoje esquecidos) nomes do princípio do cinema brasileiro. No elenco, destaque para Eva Nill, considerada a Greta Garbo brasileira, largando a carreira de atriz por causa da precariedade das produções naquela época. Chegou a ser censurado em Portugal. O negativo original desapareceu no início da década de 40 e na década de 50 a única cópia sobrevivente foi perdida em um incêndio.

Favela dos Meus Amores (1936)

Já na era sonora, "Favela dos Meus Amores", dirigido por Humberto Mauro (outro nome importante da era clássica do cinema brasileiro) e protagonizado por Carmen Santos, uma das primeiras mulheres a dirigir filmes no Brasil, foi um dos primeiros filmes a retratar a realidade das favelas. Parte das cenas do filme foram gravadas na Favela da Providência, a primeira favela carioca. No início da década de 50, menos de 20 anos de sua realização, já era considerado perdido.

Moleque Tião (1943)

Dirigido por José Carlos Burle, este seria o primeiro filme a ser produzido pela Atlântida, além de ser a primeira aparição de Grande Otelo no cinema. De acordo com fontes da época, havia uma aparição de Carmen Miranda em um número musical.

Pinguinho de Gente (1949)

Escrito e dirigido por Gilda de Abreu, responsável pelo grande sucesso de crítica e bilheteria do filme "O Ébrio". Em "Pinguinho de Gente", a diretora não conseguiu repetir o êxito do filme anterior e posteriormente o filme tornou-se obscuro até ser oficialmente considerado perdido.

Senhorita Agora Mesmo (1927)

Único filme produzido pela Atlas-Film, produtora criada por Eva Nil e seu pai Pietro (Pedro) Comello. Além de dirigir, Pietro também atuou e produziu, enquanto Eva, além de atuar, trabalhou como assistente de laboratório, câmera, publicitária e produtora. No filme, Eva interpretou uma mulher valente, ao invés de uma mocinha indefesa, papel bastante comum nos filmes da época.

Acabaram-se os Otários (1929)

Considerado o primeiro filme sonoro do cinema brasileiro e nem por essa importância, foi preservado. Existe uma reconstituição do filme composta por fragmentos, fotografias e matérias de jornais.

Inconfidência Mineira (1948)

Dirigido, escrito e produzido por Carmen Santos (que também atuou no filme), foi uma das obras mais audaciosas do cinema clássico brasileiro. Demorou 11 para ser finalizado. Começou a ser produzido em 1937, iniciando as filmagens em 1941 e terminando as filmagens e edição em 1948. Mesmo com tanto cuidado e esmero em sua produção, acabou sendo um fracasso comercial, resultando na falência da produtora de Carmen Santos.

O Mistério do Dominó Preto (1931)

Dirigido por Cléo de Verberena, é considerado o primeiro filme brasileiro dirigido por uma mulher. O filme foi produzido por ela e seu marido, César Melani, que juntos fundaram a produtora Épica Films, realizando apenas esse filme. Além de dirigir, ela também atuou como a protagonista do filme.

FONTES

CONTRACAMPO - Complemento para minha lista

BBC.ORG.BR - Algumas fotos do artigo

ENCICLOPÉDIA ITAU CULTURAL - Informações complementares sobre alguns filmes

MEMORIA.BN.BR - Algumas fotos do artigo

CINEMATECA - Informações complementares sobre alguns filmes e fotos

Preservação do cinema mudo é um dos meus assuntos favoritos: já escrevi sobre como os filmes mudos foram preservados durante os anos e escrevi também sobre filmes mudos que já foram considerados perdidos. Sempre fiquei relutante em fazer posts sobre filmes perdidos, pois é um assunto bem discutido em alguns blogs e sites de cinema especializado. Minha amiga Carla Marinho por exemplo, dedicou uma série de posts sobre o assunto em seu site Cinema Clássico, o maior site brasileiro sobre filmes clássicos. Como eu amo esse assunto, decidi abordar o assunto de uma forma diferente: estou trazendo uma lista com 15 filmes perdidos, mas decidi trazer alguns filmes bem obscuros, mas interessantes, para dar uma diferenciada no assunto. Caso vocês gostem, o post pode virar uma série.

Remodeling Her Husband (1920)

Esse é o único filme dirigido por Lillian Gish. Estrelado por sua irmã Dorothy Gish e por James Rennie, marido de Dorothy na época. Contou com um grande número de mulheres em sua produção.

Anna Karenina (1915)

Primeira adaptação americana da obra de Leo Tolstoy. Provavelmente, tornou-se perdida no incêndio da Fox em 1937.

Madame Sans-Gêne (1925)

Um dos filmes perdidos mais famosos de Gloria Swanson. Foi produzido pela Paramount e filmado em Paris. Hoje, existe apenas um trailer. Foi perdido acidentalmente na produção de um outro filme. Havia um filme sendo produzido e seria filmada uma cena com barris pegando fogo. Acidentalmente colocaram fogo em um barril com negativos de filme dentro. Esse filme estava neste barril. Por anos, pensou-se que "Queen Kelly" era um dos filmes que haviam sido perdidos nesse acidente, mas a própria Swanson afirmou em uma entrevista que "Madame Sans-Gêne" era um dos filmes.

The Actress (1928)

Estrelado por Norma Shearer, antes de se tornar a rainha da MGM, foi perdido durante o incêndio no cofre do estúdio em 1965. Baseado em uma peça, é uma refilmagem do filme britânico "Trelawney of the Wells" de 1916. Esta primeira versão aparentemente sobrevive.

The Wages of Sin (1929)

Dirigido por Oscar Micheaux, possuía o elenco composto apenas por atores negros.

Three Sinners (1928)

Trazia Pola Negri em um papel de "Vamp". Também estrelado por Warner Baxter, um dos atores mais populares da época.

A Ilha do Tesouro (Treasure Island) (1920)

Baseado no famoso livro, foi dirigido por Maurice Tourneur e trazia Lon Chaney vivendo dois personagens. Trouxe também Charles Ogle, que interpretou o monstro de Frankenstein na primeira versão filmada de "Frankenstein". Jim Hawkins, originalmente um menino no livro, foi interpretado aqui por Shirley Mason.

Il mostro di Frankenstein (1920)

Terceira adaptação do romance de Mary Shelley. É considerado o primeiro filme de terror e ficção científica italiano. Sofreu diversos cortes antes de sua estreia. Segundo pesquisadores, o corte final contava com apenas 39 minutos.

O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights) (1920)

Primeira adaptação do livro de Emily Bronte. De acordo com pesquisadores, seguiu fielmente o livro, a ponto de ter cerca de três atores interpretando Heathcliff, conforme ele ia envelhecendo. Foi produzido no Reino Unido.

The New York Peacock (1917)

Estrelado por Valeska Suratt, conhecida por ter todos os seus filmes perdidos, esse filme é um de seus maiores êxitos. No filme, ela interpreta uma Vamp e um de seus mais famosos looks é um chapéu com penas de pavão e um vestido que imita uma teia de aranha. O look tornou-se tão popular, que posteriormente foi associado às Vamps.