Alguns astros e estrelas brasileiros já arriscaram fazer carreira em Hollywood: Sônia Braga e Rodrigo Santoro são os nomes mais famosos, mas muito antes deles houve Syn De Conde, o pioneiro brasileiro a participar de filmes em Hollywood. Infelizmente, seu nome e legado fazem parte da areia do esquecimento.
Nascido no Pará, seu nome de batismo era Sinésio Mariano de Aguiar e, além de ator, era também dançarino e futebolista. É considerado o primeiro ator brasileiro a aparecer em um filme produzido em Hollywood. Como vinha de uma família abastada, estudou fora do país e, secretamente, mudou-se para Hollywood, onde inicialmente trabalhou como dançarino. Por intermédio de Mabel Condon, foi apresentado a Alla Nazimova. Ao visitar um estúdio, presenciou uma cena de dança e disse ao diretor que poderia fazer algo melhor e, logo, já estava aparecendo em diversos filmes, adotando o pseudônimo "Syn De Conde". No Brasil, ele era conhecido como Mariano de Aguiar.
"Revelação" (Revelation), de 1918, seria seu filme de estreia, e logo faria uma sequência de oito filmes nos próximos três anos. Trabalhou com diretores como D.W. Griffith e com atores e atrizes importantes do período, como Pauline Frederick, Nazimova, Francis X. Bushman, Geraldine Farrar, entre outros. Sua curta carreira chegaria ao fim após seu pai descobrir suas aventuras como ator e solicitar o seu retorno ao Brasil. Ele havia se casado e foi obrigado a se divorciar.
Em 1927, ele retornou ao Brasil e, influenciado por "O Homem-Mosca" (Safety Last!), de 1923, decidiu escalar um edifício. Tal excentricidade ocupou as páginas dos principais jornais e revistas do país, como "A Scena Muda" e "Cinearte". Ambas revistas noticiavam também o entusiasmo de Syn De Conde com Hollywood e o desejo de produzir filmes no Brasil e, caso isso não se concretizasse, ele voltaria para Hollywood para tornar-se um diretor, mas nenhuma das duas coisas aconteceu.
Essa não seria a primeira vez que ele se arriscaria em manobras perigosas. Ainda em Hollywood, na produção de "Revelação", ele passou apuros ao fazer uma cena onde seu personagem subia em um telhado. Seu peso fez com que o encanamento de água se desprendesse e oscilasse. Sem medo, ele continuou a cena, para o espanto de todos e do diretor que presenciava a situação. No final, tudo deu certo e ele ganhou o apelido de "O Gato".
No Brasil, ele não realizou o sonho de ser um produtor de filmes e passou a trabalhar como funcionário público e professor de inglês. Com o passar do tempo, seu feito como primeiro brasileiro a atuar em Hollywood e sua fama foram esquecidos. Apenas na década de 1970 ele passou a ter reconhecimento novamente, ganhando algumas exposições que celebravam o seu legado. Ele faleceu em 1990, aos 95 anos.
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