UM RESUMO SOBRE O CINEMA MUDO ITALIANO

Rapsódia Satânica (1917)

Filmes mudos foram produzidos em diversos lugares do mundo, além dos Estados Unidos. A Itália, por exemplo, era considerada uma das mecas do cinema já nesse período; porém, com o passar dos anos, tanto os filmes quanto o período entraram em obscuridade. "Cabíria", produzido em 1914, é amplamente conhecido como um dos maiores representantes da era silenciosa italiana. Contudo, há muito a ser redescoberto e conhecido. Foi o cinema mudo italiano que criou o Divinismo (ou Divismo), que consistia em endeusar astros e estrelas do cinema, presente até hoje em diversas culturas e decisivo para o sucesso de Hollywood no mundo todo.

A exibição dos curtas dos irmãos Lumière em Roma, em 1896, fez com que diversos entusiastas decidissem produzir filmes e criar estúdios. Vittorio Calcina foi um dos primeiros cineastas desse período, produzindo ainda em 1896 dois curta-metragens: "O Santo Papa Leão XIII" e "Sua Majestade o Rei Umberto e Sua Majestade a Rainha Margherita em um passeio no parque de Monza" (Sua Santità papa Leone XIII e Sua Maestà il Re Umberto e Sua Maestà la Regina Margherita a passeggio per il parco a Monza).

Italo Pacchioni, Arturo Ambrosio, Giovanni Vitrotti e Roberto Omegna foram outros nomes importantes na implementação do cinema na Itália. Italo foi um dos que mais produziu nesse período, além de ter inventado uma câmera com efeito estereoscópico. A partir de 1903, surgiram diversas produtoras cinematográficas pelo país. Em 1905, na Sicília, surgiu a Palermo a Lucarelli Film, em associação com a Pathé Films, produzindo longas-metragens até 1920.

Em 1905, o estúdio Cines inaugurou um gênero que marcaria as produções italianas: os filmes históricos, posteriormente conhecidos como filmes épicos. Em 1909, já havia registros de mulheres trabalhando em cargos de direção. Elvira Notari, além de dirigir, produzir e roteirizar filmes, abriu sua própria produtora: a Dora Film.

Entre 1908 e 1914 foram produzidos grandes filmes importantes para o cinema mudo italiano: "Os Últimos Dias de Pompéia" (Gli ultimi giorni di Pompei) (1908), "Nero" (1909), "Odisseia" (L'Odissea) (1911), "Inferno" (L'Inferno) (1911) e o mais famoso de todos, "Cabiria" (1914), do diretor Giovanni Pastrone. Paralelo aos filmes históricos, havia os filmes de mistério, que cativavam o interesse do público. Até mesmo Sherlock Holmes chegou a ser adaptado para as telas durante esse período.

Em 1913, Lyda Borelli estrelou o primeiro filme de Diva, inaugurando o Divismo (Divinismo) nas telas. Em 1915, foi a vez de Francesca Bertini imortalizar o Divinismo ao estrelar "Assunta Spina", trazendo um tom de atuação mais natural, fugindo das atuações padronizadas das outras Divas. Ainda em 1915, foi produzido "O Fogo" (Il Fuoco) de Giovanni Pastrone, trazendo Pina Menichelli para o Divismo. Em 1917, "Rapsodia Satânica" de Nino Oxilia trouxe Lyda Borelli em um papel de Vamp. Eleonora Duse, Italia Almirante Manzini e Rina De Liguoro foram algumas das atrizes importantes do Divismo.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o cinema mudo italiano entrou em declínio. A queda das produções de filmes foi significativa. Surgiram então os filmes conservadores, onde a figura feminina prezava por suas virtudes. Esses filmes mesclavam moralidade e melodrama e em nada lembravam a ousadia dos filmes produzidos pouco tempo antes. Elvira Notari ressurgiu em cena, produzindo filmes realistas, na contramão dos filmes moralistas. Ela produzia alguns de seus filmes baseados em acontecimentos ou em peças do teatro popular.

A transição dos filmes mudos para sonoros e a chegada dos filmes americanos mudaram drasticamente o jeito de produzir filmes na Itália. Atores que possuíam estilo de atuação teatral, as Divas, os filmes épicos, foram deixados de lado para que um cinema mais moderno chegasse às telas italianas.


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