Produzido durante o período Pre-Code, "Vítimas do Divórcio" (A Bill of Divorcement) possui todos os elementos para ser um filme comum, começando pela temática, mas consegue diferenciar-se e sobressair-se dos melodramas produzidos na época. Mesmo durante o Pre-Code, a produção de filmes moralistas que colocavam a mulher em um papel difícil era comum.
Meg (Billie Burke) vive com sua filha Sydney (Katharine Hepburn) e está prestes a se casar novamente. Ela mantém um relacionamento com um homem que a ama, e ela está disposta a encerrar seu casamento anterior. Entretanto, um dia, seu ex-marido Hilary (John Barrymore) retorna para casa, expondo todo o passado. Hilary passou anos em um sanatório devido a uma crise de insanidade desencadeada durante a guerra. Fugiu do sanatório em um momento de lucidez e considera-se curado. O que ele não sabe é que a vida ao seu redor continuou, e sua esposa conseguiu o divórcio alegando a incapacidade dele de manter um casamento devido à sua condição mental.
Ela enfrenta, então, a difícil missão de dar essa notícia a Hilary. Ele não aceita bem o fato de sua esposa ter se divorciado e pretendido se casar novamente. A situação também prejudica Sydney, que descobre que a insanidade é um problema familiar, levando-a a cancelar seu noivado. Assim, recai sobre Meg a difícil escolha entre um novo casamento ou uma vida aprisionada com o ex-marido.
Apesar de o filme apresentar Hilary como protagonista, o dilema principal concentra-se em Meg, em suas escolhas, dilemas e nos valores sociais. Sua cunhada sempre lhe fala que é seu dever cuidar do ex-marido, mas Meg sente-se desconfortável com esse papel. O filme consegue retratar todos os personagens como vítimas, mas Meg é a personagem que se espera que faça um sacrifício final. O filme torna-se ousado justamente por não oferecer o que é óbvio, garantindo um final interessante.
Esse foi o primeiro filme de Katharine Hepburn (creditada como Katherine), e já nessa primeira aparição, ela proporciona ótimos momentos, revelando-se uma excelente atriz dramática. Ela foi escolhida por George Cukor, diretor do filme, que ficou impressionado com seu teste de tela. Eles ainda trabalhariam em diversos filmes e tornar-se-iam grandes amigos. O filme foi baseado em uma peça teatral, adaptada para o cinema britânico em 1922 e regravada novamente em 1940.
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