DINAH SHUREY - A DIRETORA QUE PROCESSOU UMA REVISTA DE CINEMA


Totalmente obscura, Dinah Shurey foi uma mulher que dirigiu e produziu filmes no cinema britânico no final da década de 20. Foi a única mulher no ofício e produziu "The Last Post", filme hoje perdido, mas considerado, na época, seu trabalho mais famoso. Ela sofreu um ataque maciço de uma revista de cinema. Curiosamente, o ataque partiu de outra mulher.

Vinda de uma família de classe média, seu pai era um editor de revistas e jornais. Ela chegou a trabalhar para a Cruz Vermelha Francesa, sendo demitida posteriormente. Após a demissão, passou a trabalhar no estúdio Teddington Film Company, desempenhando vários cargos, chegando em assistente de direção. 

Em 1924, funda sua própria produtora de filmes chamada Britannia Films. Em 1929, funda a distribuidora de filmes Showman Films. Sua produtora fez cinco filmes, dois: "Carry On" (1927) e "The Last Post" em 1929, contaram com sua direção. Ambos os filmes retratavam o período da Primeira Guerra Mundial, intercalando doses de melodrama. Para a produção de "Carry On", ela chegou a pegar emprestado navios de guerra da Marinha. O filme foi descrito por uma revista como um filme de propaganda política britânica. 

Quando "Last Post" chegou aos cinemas, recebeu críticas mistas. Um crítico da revista Film Weekly, o definiu como um filme oco de patriotismo, sendo um dos piores que ele já havia visto. Dias após, foi a vez de Nerina Shute, conhecida por suas críticas ácidas e diretas, promover um ataque direto à Shurey, questionando se mulheres deveriam mesmo dirigir filmes. Ela usou o filme como um exemplo de fracasso, frisando que o cargo de direção de filmes não pertenciam às mulheres. E ainda disse que a diretora foi ousada, mas produziu um filme terrível. 

O artigo ofendeu a diretora e ela entrou com uma ação contra a revista. No julgamento, o advogado de defesa da jornalista usou o argumento de que ela era livre para expôr sua opinião e a revista era livre para publicá-la. O juri, porém, discordou e decidiu a favor da diretora, fazendo ela ganhar a ação contra a revista.

Após todo o problema envolvendo os bastidores, o filme, originalmente lançado como mudo, teve uma segunda versão lançada em 1930, com uma trilha sonora musical sincronizada e um epílogo falado. Nenhuma das duas versões sobreviveram e hoje o filme é considerado como perdido, incluído na lista dos filmes mais procurados pela BFI, devido ao seu valor histórico por ser produzido pela primeira mulher a dirigir filmes no cinema britânico. Após essa experiência, Dinah Shurey acabou não dirigindo mais nenhum filme. Talvez tenha sido desencorajada. 


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