CINEMATECA - CARTAS DE AMOR (1953)

Após a Segunda Guerra, Reikichi (Masayuki Mori), encontra um trabalho peculiar: escrever e traduzir cartas de amor para outras pessoas. Ele é um homem amargurado, machista e conservador. Ele possui um amor do passado não resolvido. Sua vida muda quando ele descobre que Michiko (Yoshiko Kuga), a mulher por quem sempre foi apaixonado é uma das clientes. Ele fica bastante perturbado, pois a clientela em sua maioria é composta por prostitutas. Mesmo escrevendo cartas para elas, ele não concorda com o estilo de vida e a liberdade sexual que elas possuem.

Ele descobre que Michiko enviuvou-se e teve um relacionamento com um soldado americano e a condena por isso, pois isso é enxergado como prostituição. Porém, antes de casar-se, ela chegou a escrever uma carta para ele, revelando seus sentimentos, porém ele nada fez. Após esse reencontro, Michiko que sempre teve uma vida difícil, passa a ser assombrada por seu passado e sente-se culpada por suas atitudes, enquanto Reikichi esforça-se para culpá-la cada vez mais, isentando a sua culpa e não fazendo questão alguma de mudar seu pensamento, até levar um choque de realidade de um amigo seu.

Logo em sua estreia na direção de filmes, Kinuyo Tanaka mostrou-se uma diretora habilidosa e muito competente, sabendo intercalar melodrama com crítica social. A crítica social se faz presente quando apenas a personagem feminina é posta para julgamento por ser considerada uma prostituta e quando os homens exigem uma virtude moral das mulheres. Essa crítica é bem latente quando o personagem masculino tão machista e conservador é posto no mesmo ambiente onde mulheres exercem sua sexualidade livremente, mesmo sendo julgadas. Ele não concorda com o estilo de vida delas, achando-as sujas e vulgares, porém depende delas para seu sustento.

"Cartas de Amor' é um melodrama muito bem-feito e produzido. Antes de dirigir o filme, Kinuyo Tanaka, era uma atriz bastante popular, trabalhando com os grandes diretores de sua época. Ela estrelou o primeiro filme falado do Japão e estrelou também o filme mais caro até então produzido no país. Ela foi a segunda mulher no Japão a trabalhar como diretora de filmes, depois de Sakane Tazuko. Ao todo dirigiu 6 filmes.


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