Em boa parte de sua carreira, Chaplin dividiu o protagonismo de seus filmes com diversas mulheres: Paulette Goddard é uma delas, por exemplo, mas antes dela havia Edna Purviance, talvez a mais importante de todas e a que mais protagonizou filmes ao seu lado, ao todo estiveram juntos em 33 projetos. Por algum motivo ela foi esquecida durante os anos, redescoberta de forma modesta nos últimos anos.
Após Chaplin assinar um contrato com o estúdio Essanay, ele passou a procurar uma co-protagonista para o filme "Carlitos se Diverte" (A Night Out) de 1915. Edna, que até então trabalhava como secretária, foi notada por um dos associados do estúdio. Chaplin marcou uma entrevista com ela e após uma hesitação por ela não ser de fato uma atriz, a contratou. A princípio ele a contratou como um adereço de cena, por achar que ela não era apta para ser comediante, pois durante o encontro achou-a séria demais, mas depois descobriu que aquela seriedade era decorrente a problemas pessoais. A química entre a dupla deu certo na frente e atrás das câmeras. Eles estiveram envolvidos romanticamente até o momento em que Edna descobriu que Chaplin iria casar-se com Mildred Harris, que na época tinha 16 anos.
Na maioria dos filmes, Edna interpretava o interesse amoroso dos personagens de Chaplin, suas personagens eram suaves e gentis, contrastando com a personalidade caótica e atrapalhada do Vagabundo. Em 1921, fez um papel bastante diferente em "O Garoto" (The Kid). No filme, Edna interpreta a mãe do Garoto que o abandona por não ter condições de sustentá-lo por ser mãe solteira. Anos depois, agora como uma consagrada cantora, ela decide ir em busca do filho perdido. Em 1923, Chaplin decide produzir e dirigir o filme "Casamento ou Luxo" (A Woman of Paris), que até então fugiria de seu estilo: um filme dramático e que também não contaria com ele o estrelando. Tais fatores fizeram com que o filme fracassasse. "Casamento ou Luxo" foi a oportunidade que Chaplin havia dado à Edna para estrelar um filme dramático e mostrar sua competência como atriz.
Embora o filme tenha fracassado em bilheteria, ele agradou bastante os críticos, mas mesmo assim Chaplin impediu a exibição desse filme por mais de 50 anos, sendo reexibido na década de 70, com nova trilha sonora e novo corte, antes de sua morte. Hoje, o filme é visto com outros olhos pela nova geração e possui uma aprovação muito maior e nos permite apreciar o estilo dramático de Purviance.
Em 1926, Chaplin produz "A Mulher do Mar" (A Woman of the Sea), mas coloca Josef von Sternberg na direção e novamente Edna como protagonista. O objetivo de Chaplin era alavancar Sternberg, que vinha de uma experiência frustrante na MGM e novamente dar uma chance à Edna em um papel dramático, para que ela fosse vista fora da sombra dele. Chaplin pouco se envolveu com esse filme, pois estava bastante comprometido com a produção do filme "O Circo" (The Circus).
Após a conclusão das filmagens e edição, o filme foi exibido por Sternberg para um grupo de pessoas, contra a vontade de Chaplin. O filme foi considerado belo, porém vazio. Inseguro, Chaplin decidiu não lançá-lo. Em 1933, Chaplin queimou os negativos e hoje é considerado um filme perdido. Após "A Mulher do Mar", Edna participaria de um filme francês em 1927 e após isso se aposentaria dos filmes.
Edna era uma pessoa muito reservada e tímida. Gostava de atuar, mas detestava o assédio dos fãs. Após aposentar-se levou uma vida discreta, mas divertida e fantástica. Casou-se com John Squire, um piloto e passou a viajar para diversos lugares. Ela morreu aos 62 anos em 13 de Janeiro de 1958. Chaplin jamais se esqueceu dela, sendo eternamente grato pela parceria. Ele chegou a mantê-la na folha de pagamento de seu estúdio até ela se casar e após ela enviuvar ele retornou com os pagamentos. Ele sempre falou da importância dela em sua vida e em sua carreira e do fato dela estar ao seu lado no início de tudo.
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