"Mentiras da Vida", (Strange Interlude) é baseado na peça de mesmo nome escrita por Eugene O'Neill em 1928. Ele era um autor bastante prestigiado, tendo algumas de suas peças adaptadas para o cinema como por exemplo "Anna Christie", "Longa Jornada Noite Adentro" (Long Day's Journey Into Night), "Conflito de Paixões" (Mourning Becomes Electra), entre outras. A peça estreou na Broadway em 30 de janeiro de 1928 e ganhou o Prêmio Pulitzer de Drama, com Lynn Fontanne no papel principal. A duração da peça era em torno de 5 a 6 horas e geralmente era apresentada em duas noites consecutivas. Os temas da peça, affairs sexuais de uma mulher e doença mental, foram bastante controversos para a década de 20, causando polêmica e sendo censurada em diversas cidades.
Nina (Norma Shearer) é uma mulher atormentada pela morte de seu noivo durante a Primeira Guerra. Para se livrar dos traumas, ela decide ser enfermeira em um hospital de veteranos de guerra. Ao retornar, ela se casa com Sam (Alexander Kirkland). Após casar-se com ele, ela descobre por intermédio da mãe dele que a família tem um histórico de doença mental. O sonho de Nina é ser mãe e a mãe de Sam lhe sugere que ela engravide de outro homem e deixe Sam acreditar que ele é o pai da criança.
Nina então envolve-se com Ned (Clark Gable) e engravida dele. Ned parte em viagem para a Europa. A criança nasce e recebe o nome do falecido noivo de Nina, Gordon (Robert Young). Os anos passam, Nina e Ned vivem um romance clandestino repleto de crises por causa da mentira em torno da paternidade de Gordon, além do medo da verdade causar a insanidade de Sam.
Para a adaptação da peça, o conteúdo foi reduzido para quase duas horas. Uma característica marcante do filme é a narração dos pensamentos dos personagens, como se eles estivessem falando seus pensamentos em voz alta. Inicialmente, isso parece ser cansativo, mas conforme o filme vai evoluindo, esse conceito torna-se tolerável e tornando-se essencial, pois vemos como os pensamentos dos personagens não condizem com suas atitudes e falas.
O filme foi produzido inicialmente como um projeto para a atriz Lynn Fontanne. Com a recusa dela, Irving Thalberg escalou sua esposa para o papel. O papel de Nina é bem complexo e Norma consegue perfeitamente dar conta do recado, interpretando a personagem em diversas fases da vida, com diversas nuances. O único problema talvez, é a duração do filme, com quase duas horas, ele torna-se um pouco arrastado. Ele poderia ter sido mais enxuto. E fica o questionamento de como seria a dinâmica da peça que possui uma duração duas vezes maior.
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