Adaptações cinematográficas de obras de William Shakespeare não são uma exclusividade do cinema falado, embora quando toquemos no assunto seja impossível não pensar primeiramente nas adaptações estreladas e produzidas por Laurence Olivier e Orson Welles. Tempos antes, no cinema mudo já existiam adaptações. De acordo com pesquisas, cerca de 300 adaptações foram realizadas durante esse período, muitas delas acabaram se perdendo com o tempo, enquanto as sobreviventes entraram em profundo esquecimento, Otelo, realizada em 1922 é um desses exemplos.
Produzida na Alemanha, é considerada a primeira grande produção da peça escrita por Shakespeare provavelmente em 1603, essa versão foi protagonizada por Emil Jannings, um dos atores mais populares do cinema mudo alemão. Embora Jannings esteja ótimo como Otelo, o destaque do filme fica com Werner Krauss como do sórdido Iago. Krauss fez de Iago uma sombra por trás dos personagens, alimentando paranoias e causando intrigas de forma sutil, mas totalmente explícita para quem assiste ao filme. O papel mais famoso de Krauss foi o Dr. Caligari no filme homônimo realizado em 1920.
Ainda que essa versão seja considerada uma grande produção, ela de fato não foi a primeira adaptação cinematográfica da peça que já havia sido adaptada duas vezes na Itália: em 1906 e 1909. A versão de 1909 traz uma das Divas do cinema mudo italiano Vittoria Lepanto como Desdemona.
O general Otelo é considerado um dos homens mais valentes do exército de Veneza. Ele nutre uma paixão por Desdemona, mas o pai da moça não concorda com o casamento, muito provável por Otelo ser negro (no filme há uso do Blackface). Otelo precisa nomear um tenente e Iago pensa que ele será o escolhido, mas acaba sendo preterido por Cassio, um rapaz inexperiente que nutre uma grande devoção por Otelo. Iago então decide vingar-se. Otelo e Desdemona fogem e se casam, para assim deixar o pai de Desdemona sem escolha, a não ser aceitar o romance. Sabendo que Otelo não confia em mulheres, Iago passa a armar intrigas entre o casal, alimentando o ciúme doentio e possessivo de Otelo, sugerindo que sua amada e Cassio são amantes.
Um ponto interessante do filme é o homoerotismo sugerido na devoção entre Cassio e Otelo e até mesmo na inveja de Iago ao ser preterido pelo inexperiente rapaz. O homoerotismo entre Cassio e Otelo fica latente nas cenas finais, principalmente na última cena de ambos onde fica sugerido que havia algo muito mais forte do que apenas amizade ou devoção.
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