Elvira Gama era até pouco tempo, um nome obscuro que havia se perdido com o passar do tempo. Graças à uma pesquisa realizada por Danielle Crepaldi (uma grande e querida amiga minha), Elvira foi redescoberta, assim como seu feito: foi a primeira mulher a escrever algo relacionado a cinema. Graças a isso seu nome voltou à luz e foi homenageado por um coletivo de mulheres que escrevem sobre cinema. Antes de ter uma coluna chamada Kinetoscópio, Elvira já havia quebrado um importante paradigma: escrevia sobre esportes nos jornais O Tempo e O País, usando os pseudônimos Sinhá Miquelina e D. Consta Boato. Além de jornalista, era também poetisa, tendo seus poemas publicados em alguns jornais como Gazeta de Notícias, além de escrever livros de versos, era bastante quista pelos colegas de profissão sendo mencionada em diversos jornais cariocas entre os anos de 1894 e 1896.
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| Cidade do Rio 16-08-1985 |
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| Gazeta do Rio 05-11-1896 |
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| Gazeta de Noticias 28-06-1896 |
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| Gazeta de Notícias 25-07-1896 |
Em Dezembro de 1894, passou a escrever crônicas para o Jornal do Brasil. "A Velha Margarida", postada em 23 de Dezembro de 1894, leva ao final sua assinatura, na mesma página, a primeira crônica da coluna Kinetoscópio, sob o pseudônimo de Edsonina. A coluna escrita por Elvira Gama, consistiu em uma série de 20 textos publicados entre 23 de dezembro de 1894 e 23 de junho de 1895, na maioria das vezes na primeira página do jornal. O Kinetoscópio (Cinetoscópio), foi inventado nos laboratórios de Thomas Edison em 1891. Este aparelho fazia a projeção interna de filmes em movimentos, quando uma moeda era inserida. William K.L. Dickson e sua equipe foram os inventores deste aparelho, embora Edison tenha colhido os louros do sucesso e os lucros também. O pseudônimo era uma clara alusão a Thomas Edison e o nome da coluna, referia-se à grande novidade que havia chegado há poucos dias no país e ganhara uma rápida nota dias antes.
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| Kinetoscópio (Cinetoscópio) |
Em 9 de Dezembro, uma modesta nota sobre a chegada do Kinetoscópio saiu no Jornal do Brasil. Mesmo sendo curta, a nota descreveu o frisson da novidade e ainda usou um tom ácido ao dizer que o Kinetoscópio nada mais era do que "uma fita com 150 clichês fazendo mil rotações por segundo". No final, a nota recomenda que o equipamento merece ser conhecido por ser interessante e por ser uma novidade.
Em seu primeiro artigo, Elvira apresenta-se como Edsonina, faz menção à Edison e explica a criação do espaço chamado "Kinetoscópio Literário'', dizendo que a coluna será movida pela "eletricidade de sua imaginação travessa". Durante o texto ela faz diversas alusões ao rolo de filme passando pelo projetor, enquanto conta seu "causo", uma briga entre os jornais O País e a Gazeta de Notícias. Em julho de 1895, Elvira publica seu primeiro livro de poemas e Edsonina acaba saindo de cena. Em junho de 1897, os textos do Kinestocópio Literário junto com algumas coletâneas das crônicas esportivas escritas por ela, saem em formato de brochura, levando seu nome.
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| A Notícia 25-06-1897 |
Através de pesquisas, descobri que ela nasceu em 5 de Setembro de 1872, casou-se cedo e enviuvou-se cedo também e passou a escrever crônicas para sustentar a família. Em 1902, passou por momentos delicados com a doença de Raphael, um de seus filhos, que acabou falecendo pouco tempo depois. Anos depois ela enterraria mais dois filhos: Armando e Zezé. Não consegui obter informações sobre a data do seu falecimento, mas arrisco que tenha sido entre as décadas de 30 e 40. Tudo leva a crer que em determinado momento de sua vida, ela afastou-se da mídia e seu falecimento tenha passado em branco. A última menção a seu nome, antes do seu redescobrimento, ocorreu na década de 60, em uma crônica escrita por Stella Leonardos, onde dá a entender que Elvira já havia falecido há anos.
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| Gazeta de Noticias 28-06-1896 |
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| Gazeta de Notícias 04-04-1902 |
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Gazeta de Notícias 25-05-1902 Informações para elaboração do texto gentilmente cedidas pela pesquisadora (e amiga querida) Danielle Crepaldi. No link abaixo vocês podem ler o texto completo escrito por ela sobre Elvira Gama: http://labelleuerj.com.br/downloads/sugestoes-de-leitura/cinema-a-bico-de-pena-danielle-crepaldi-carvalho.pdf Outras fontes para o texto: http://www.mulher500.org.br/elvira-gama-sec-xix/ Ilustração de Elvira Gama: https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/46514 Capturas de jornais da época e material sobre pesquisa sobre a vida particular de Elvira: http://memoria.bn.br |
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