Dorothy Arzner foi a única mulher a dirigir filmes em Hollywood entre as décadas de 30 e 40. Ela foi obrigada a abandonar a direção dos filmes por sofrer constantes ataques machistas e homofóbicos, pois além de ser mulher, ela era também lésbica e mesmo tendo homossexuais em suas produções, os donos de estúdio tentavam ao máximo escondê-los. Após sua saída de Hollywood, Dorothy sofreu um terrível apagamento da história do cinema e seus filmes tiveram o mesmo destino. Dentre esses filmes, está o interessante "Honra de Amantes" (Honor Among Lovers) realizado em 1931.
Uma característica marcante nos filmes dirigidos por Dorothy Arzner é sem dúvidas o destaque para a presença feminina, ela buscava sempre valorizar as atrizes que dirigia e graças à ela diversas atrizes como Lucille Ball, Katharine Hepburn, Rosalind Russell, conseguiram firmar carreira em Hollywood, pois tiveram os primeiros êxitos de suas carreiras sob sua direção. Em "Honra de Amantes", Dorothy Arzner traz Claudette Colbert que já havia começado sua carreira anos antes no cinema, além de Fredric March, um dos atores que Dorothy Arzner mais dirigiu em seus filmes. Ginger Rogers tem aqui um pequeno papel, ela despontaria um pouco depois ao lado de Fred Astaire nos musicais da RKO.
Dorothy Azrner questiona o famoso final feliz dos filmes em "Honra de Amantes". Ela faria posteriormente o mesmo em "Quando a Mulher se Opõe" (Merrily We Go Hell) e "A Mulher Sem Alma" (Craig's Wife), reforçando a difícil convivência entre duas pessoas após o casamento. Julia (Claudette Colbert) é a eficiente secretária de Jerry (Fredric March), um homem de negócios muito importante. Há uma atração entre ambos, porém Julia decide casar-se com Philip (Monroe Owsley), por este lhe trazer mais segurança.
Após o casamento, Julia começa a perceber o real caráter do marido, quando ele aplica o dinheiro de seus clientes (Jerry incluído) em um negócio que fracassa. Desesperada, ela recorre ao empresário apaixonado em busca de ajuda, mas tal ato não é visto com bons olhos pelo marido que procura Jerry e acaba atirando acidentalmente nele. Após ser questionado pela polícia, Philip acaba colocando a culpa na mulher para se livrar das consequências. Julia então, além de ser acusada por algo que não cometeu precisa também se decidir sobre sua relação com o marido.
O filme é interessante por abordar um assunto bastante atual: o fato de o homem ser tratado como criança quando comete algum erro e a responsabilidade desse erro cair em cima de uma mulher e ela ser obrigada a consertá-lo. Outro fator interessante é a hipocrisia em torno de Philip ter uma amante e sentir-se completamente ofendido com a hipótese de sua mulher também estar lhe traindo. Durante a produção do filme, cogitou-se fazer uma versão francesa simultaneamente com Claudette Colbert e Dorothy Arzner sendo auxiliada por um diretor francês, mas o projeto não foi concluído.
"Honra de Amantes" está presente na caixa que traz 4 filmes dirigidos por Dorothy Arzner e que conta com a minha curadoria. Essa caixa foi lançada pela Obras-Primas do Cinema. Clique na foto abaixo para comprar ou para maiores informações:
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