Anna Sten chegou em Hollywood com a promessa de ser a "nova Garbo", o que as duas tinham em comum era o fato de serem estrangeiras. Contratada por Samuel Goldwyn, Anna seria a estrela que eclipsaria a esfinge sueca da MGM, mas não foi bem isso que aconteceu. Por ter um estilo de atuação, voz e postura completamente diferentes do que era visto na época em Hollywood, ela acabou estrelando uma sequência de fracassos e sua carreira como uma atriz de sucesso nunca ocorreu de fato e seu nome acabou caindo nas sombras do esquecimento.
Anna começou sua carreira ainda no cinema mudo, estrelando filmes soviéticos e ucranianos. Ao lado de seu marido, o diretor russo Fedor Ozep, foi para a Alemanha participar de um filme produzido por estúdios alemães e soviéticos. O casal decidiu não retornar para a União Soviética e a atriz fez sua transição do cinema mudo para o falado nos filmes alemães. Foi em um desses filmes que ela chamou a atenção de Samuel Goldwyn.
Goldwyn foi um dos mais importantes nomes de Hollywood, passando por diversos estúdios até abrir sua própria produtora de filmes, a Goldwyn Pictures que futuramente seria incorporada à Metro Pictures, transformando-se em MGM. Ele criou também a Samuel Goldwyn Productions, no intuito de apenas produzir filmes, sem a ramificação de distribuição. Os filmes eram distribuídos por outros estúdios como a United Artists e RKO. Sua carreira durou por cerca de 35 anos e ele era considerado o produtor independente mais bem-sucedido de Hollywood.
Goldwyn viu em Anna a oportunidade perfeita de combater a MGM trazendo outra atriz estrangeira para rivalizar com Greta Garbo, um dos maiores nomes da MGM na época. Já separada de Ozep, Anna aceita o convite de Goldwyn para estrelar filmes em Hollywood. Ela chegou em Hollywood e passou por longos dois anos de preparação: ela aprendeu inglês, fez cursos de atuação e aprendeu como Hollywood funcionava.
Após ser considerada apta para estrelar um filme, Goldwyn começou a procurar um veículo que fosse perfeito para a estreia de sua nova descoberta. Após alguns meses de procura, o veículo escolhido foi uma novela de Émile Zola chamada "Naná", publicada em 1880. Para a direção, foi escolhida Dorothy Arzner, única mulher a dirigir filmes naquele período. O filme foi co-dirigido por George Fitzmaurice. "Naná" teve uma primeira semana bastante lucrativa em termos de bilheteria, mas nas semanas seguintes revelou-se um grande fracasso. A crítica classificou Anna como "bonita, mas decepcionante".
Ciente de que talvez a escolha do romance "Naná" tenha sido equivocada, Goldwyn apostou em um outro romance que considerava mais forte: "Voltar a Viver" (We Live Again), adaptação baseada em uma obra de Leon Tolstoy chamada "Ressureição", publicada em 1889. Entre os roteiristas estava Preston Sturges, que futuramente revolucionaria as comédias cinematográficas. Ao lado de Anna estava Fredric March como protagonista. Mesmo surgindo em Hollywood estrelando um fracasso, o nome de Anna estava em primeiro, enquanto o nome de Fredric que já era um ator popular na época, veio logo abaixo. O filme foi um fracasso de bilheteria.
Após dois fracassos com sua "nova Garbo", Goldwyn começou a se desesperar e decidiu colocá-la ao lado de Gary Cooper em "A Noite Nupcial" (The Wedding Night). O nome de Gary Cooper veio em primeiro nos créditos. O filme chegou aos cinemas em 1935, foi bastante elogiado pela crítica, em muito pelo desempenho de Gary Cooper, mas o filme fracassou em bilheteria. Após este fracasso, Goldwyn decidiu romper o contrato de 4 anos com Anna.
Na década de 40, ela ainda apareceu em alguns filmes como "Os Guerrilheiros Combatentes" (Chetniks! The Fighting Guerrillas), "Vieram Dinamitar a América" (They Came to Blow Up America), "Três Heroínas Russas" (Three Russian Girls), tendo seu nome em primeiro ou em segundo lugar nos créditos em alguns casos, fez também papéis secundários durante a década e posteriormente. Ela fez filmes nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas nenhum seria memorável. A partir da década de 50, apareceria muito pouco no cinema, suas aparições na maioria das vezes eram feitas a pedido do seu marido, o produtor Eugene Frenke, com quem casou em 1932. Ela faleceu em em 12 de novembro de 1993, aos 84 anos.
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