Estúdios Cinédia |
Quando falamos sobre estúdios clássicos do cinema brasileiro, imediatamente nos lembramos dos dois maiores: Atlântida e Vera Cruz, porém existiam outros que também produziam filmes nacionais. Embora hoje algumas informações estejam bastante obscuras, trago aqui além dos dois grandes estúdios, outros que também colaboraram para a história e crescimento do cinema nacional.
Atlântida
Foi fundada em 1942 e durante os anos de atividade, chegou a produzir cerca de 66 filmes. É considerada a produtora mais bem sucedida de filmes brasileiros. O primeiro filme produzido pelo estúdio foi "Moleque Tião", primeira aparição de Grande Otelo no cinema, hoje esse filme é considerado perdido. O estúdio especializou-se na produção de chanchadas que eram filmes de baixo custo e bastante populares. Alguns filmes famosos do estúdio: "Nem Sansão, Nem Dalila", "O Homem do Sputinik", "Matar ou Correr" e "Aviso aos Navegantes". A Atlântida também popularizou astros e estrelas como: Oscarito, Zezé Macedo, Adelaide Chiozzo, José Lewgoy, Zé Trindade, Eliana Macedo, entre outros. Carlos Manga e Watson Macedo foram os que mais dirigiram filmes para o estúdio.
Vera Cruz
Fundada em São Bernardo, a Vera Cruz produziu filmes entre 1949 a 1954 e mesmo com apenas cinco anos de existência, tornou-se um dos mais importantes estúdios do cinema brasileiro. Alguns de seus filmes chegaram a concorrer nos festivais de cinema em Cannes e Veneza, por exemplo. Um dos maiores sucessos do estúdio foi "O Cangaceiro", filme produzido em 1953, dirigido por Lima Barreto e com diálogos de Rachel de Queiroz, este filme foi baseado em partes na vida de Lampião. "O Cangaceiro" chegou a vencer o Festival de Cannes, além de ser exibido em diversos países. O filme conta ainda com a participação de Adoniran Barbosa. Em sua curta atividade, chegou a produzir cerca de 22 filmes, além de colocar Mazzaropi no estrelato. O primeiro filme produzido pelo estúdio foi "Caiçara", dirigido por Adolfo Celi e com Eliana Lage no papel principal. Anteriormente, haviam sido produzidos dois documentários dirigidos por Lima Barreto. "Tico-tico no Fubá", "Sinhá Moça", "Uma Pulga na Balança", "É Proibido Beijar", "Floradas da Serra'' (uma das raras aparições de Cacilda Becker no cinema), foram alguns dos filmes produzidos pelo estúdio. Lima Barreto foi quem mais dirigiu projetos no estúdio.
Cinédia
A Cinédia foi fundada em 1930, por Adhemar Gonzaga, um dos pioneiros do cinema brasileiro. Produziu filmes entre as décadas de 30 e 40, na maioria das vezes dramas populares e chanchadas. O primeiro filme da produtora foi "Lábios Sem Beijos", realizado ainda no ano de abertura do estúdio. O filme foi dirigido por Humberto Mauro, outro nome importante no início do cinema brasileiro. Foi na Cinédia que Carmen Miranda fez uma de suas primeiras aparições no cinema: "A Voz do Carnaval". de 1933. Foi na Cinédia também que Dercy Gonçalves despontou para o estrelato. "O Ébrio", dirigido em 1946 por Gilda de Abreu é considerado o maior sucesso comercial do estúdio. O filme tornou-se uma das maiores bilheterias do país e assim se manteve por muito tempo. "Limite" de 1931, dirigido por Mário Peixoto também foi produzido pelo estúdio e até hoje é um dos filmes brasileiros mais famosos internacionalmente. "O Jovem Tataravô", de 1936 é o primeiro filme brasileiro a ter cenas externas captadas por câmeras com tecnologia sonora. "Mulher", "Ganga Bruta", "Alô, Alô Carnaval", "Bonequinha de Seda", "O Descobrimento do Brasil", "Maridinho de Luxo", foram alguns dos filmes produzidos pelo estúdio. O estúdio ainda encontra-se em funcionamento, onde estão seus acervos de documentos e de equipamentos. Clicando aqui você pode ir para o perfil do estúdio no Instagram.
Multifilmes
A Multifilmes foi o estúdio com a vida mais curta: fundado em 1952, encerrou suas atividades em 1954. O estúdio foi fundado com a ambição de produzir dez filmes por ano e com o passar do tempo, aumentar a meta, porém o estúdio não conseguiu apoio financeiro dos bancos, além do alto custo de produção do filme "Destino em Apuros" de 1953, tais percalços contribuíram para o fechamento da produtora. "Destino em Apuros" tem grande importância para o cinema brasileiro: foi o primeiro filme a contar com imagens coloridas (foi filmado parcialmente à cores), sendo responsável por introduzir e popularizar filmes coloridos no Brasil. Os negativos coloridos do filme foram revelados nos Estados Unidos, o que causou o estouro do orçamento e o início das dívidas do estúdio, pois além do alto custo de produção, o filme não fez sucesso nas bilheterias, mas chegou a ganhar um prêmio Saci.
Brasil Vita Filmes
A Brasil Vita Filmes foi fundada em 1934, por Carmen Santos. Após a fundação do estúdio, chega Humberto Mauro, que dirigiu Carmen em alguns filmes anteriormente e produzem os filmes "Favela dos Meus Amores", "Cidade Mulher", "Argila", entre outros, além de documentários. "Onde a Terra Acaba", dirigido por Octavio Gabus Mendes, foi o primeiro filme produzido pelo estúdio. Em 1948, é lançado "Inconfidência Mineira", audacioso filme produzido, dirigido, roteirizado e protagonizado por Carmen, que trabalhou cerca de dez anos em sua produção. O filme foi um desastre de bilheteria. Em 1952, Carmen falece, mas o estúdio continua produzindo filmes, até 1958. Um ano antes, um incêndio no acervo destrói os únicos negativos disponíveis de "Inconfidência Mineira" e "Favela dos Meus Amores", fazendo com que esses filmes passassem a ser considerados perdidos.
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