David Lean dirigiu diversos clássicos como "Lawrence da Arábia", "Doutor Jivago", "Desencanto" (Brief Encounter), considerada por muitos cinéfilos a sua obra-prima, entre outros filmes. "Summertime" (Quando o Coração Floresce, em português), talvez seja uma de suas obras menos conhecidas por alguns cinéfilos e isso é uma tremenda injustiça.
Em "Summertime", David Lean faz com que vejamos o filme através da ótica de Jane Hudson, uma mulher solitária, que realiza sua viagem dos sonhos para Veneza. Mesmo em um lugar deslumbrante, ela sente-se solitária e sente dificuldade em se comunicar e se relacionar com as pessoas que a rodeiam. Isso faz com que ela não aprecie a viagem e aproveite o lugar magnífico que é Veneza.
Após uma tarde solitária em um café ao ar livre, ela conhece Renato, um típico homem italiano: sedutor, inteligente, atraente e muito experiente. Ela se sente atraída por ele, mas ao mesmo tempo sente medo de se entregar. Renato omite que é um homem casado, mas quando Jane descobre, ele faz com que ela enxergue dentro de si alguns valores moralistas ultrapassados. Esses valores moralistas fazem com que ela se feche para as pessoas e para o mundo. Ao conseguir romper os valores moralistas, Jane e Renato vivem uma ensolarada história de amor que é ameaçada com a chegada da data de seu retorno para o país onde vive.
A história de amor de Jane e Renato é conduzida através de belíssimas locações de Veneza, além de um exuberante Technicolor. Além de dirigir o filme, David Lean também colaborou com o roteiro, ao lado de HE Bates. O roteiro do filme foi baseado em uma peça chamada "The Time of the Cuckoo" escrita por Arthur Laurents. Na versão da Broadway, o papel de Jane Hudson foi vivido por Shirley Booth, que chegou a ganhar um Tony por seu desempenho neste papel.
Mesmo com uma talentosa e premiada Shirley Booth, quando decidiram fazer uma versão cinematográfica em 1954, seu nome foi descartado, por a considerarem velha demais para o papel. Vários nomes como Ingrid Bergman e Olivia de Havilland foram cogitados até a escolha de Katharine Hepburn.
O filme chegou aos cinemas em junho de 1955, com diversos elogios a atuação de Katharine Hepburn, que até então vivia mulheres com ares de "deusa". Katharine conseguiu dar um ar humano a sua personagem tão solitária e tão próxima dos que assistiam ao filme. Por sua atuação, Katharine recebeu uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz, enquanto David Lean recebeu uma indicação na categoria de Melhor Diretor. Anos mais tarde, David Lean declarou que este era seu filme favorito.
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