O cinema sempre foi uma forma de alento e fuga da realidade para boa parte das pessoas. E isso não vem de hoje. Durante as duas Guerras Mundiais, as pessoas se refugiavam da realidade através do cinema. Uma prova disso foi a popularidade das comédias malucas (as screwballs), que surgiram durante a década de 30, mas que se tornaram imensamente populares durante a Segunda Guerra Mundial. Filmes como “Irene, a Teimosa”, “Levada da Breca”, “Os Pecados de Teodora”, “Aconteceu Naquela Noite”, “As Duas Noites de Eva”, “Bola de Fogo”, são alguns dos exemplos dos filmes que destacam esse gênero. Com as comédias malucas, popularizou-se também as comédias românticas, que geralmente eram filmes leves, sem o exagero cômico e surreal das comédias malucas.
“A Loja da Esquina” se encaixa justamente nesse gênero, mesmo tendo um mote perfeito que se encaixaria em uma screwball. O filme aborda a história de Alfred (James Stewart) e Klara (Margaret Sullavan) que trabalham em uma loja de artigos. A convivência entre ambos é péssima, já que eles possuem visões profissionais diferentes e vivem em conflito. Ambos se correspondem através de cartas com outras pessoas. Ironicamente, eles trocam cartas, mas não desconfiam disto, pois ambos usam outros nomes nas correspondências. Após diversas confusões e desencontros, eles descobrem a verdade e a relação entre eles torna-se mais complicada, porém uma dúvida fica no ar: seria possível eles esquecerem as diferenças e enxergarem as qualidades um do outro, assim como faziam quando trocavam cartas e não sabiam da verdade?
O roteiro foi baseado em uma peça húngara escrita em 1937. A peça de autoria de Miklós László, chamava-se Illatszertár (Loja de Perfumes). Inicialmente, a produção, gravação e lançamento do filme, estavam agendados para 1939, porém Ernst Lubitsch, fazia questão que os papéis principais fossem de Margaret Sullavan e James Stewart, que na época estavam comprometidos com outros projetos. Lubitsch então dirigiu nesse meio tempo “Ninotchka”, que se tornaria um dos grandes sucessos daquele ano, trazendo pela primeira vez Greta Garbo em um papel cômico. “Garbo Ri!”, seria o slogan do filme. Lubitsch se baseou em memórias afetivas, para criar o clima da loja de artigos. Seu pai havia sido proprietário de uma loja.
Em entrevistas posteriores, Lubitsch declararou que este era o filme que mais havia gostado de dirigir. Na época de seu lançamento, o diretor não estava muito confiante do sucesso do filme. Ele chegou a declarar em uma entrevista: "Não é um grande filme, apenas uma pequena história que parecia ter algum encanto. Não custou muito, para tal elenco, menos de $ 500.000. Foi feito em 28 dias. Espero que tenha algum charme." O filme tornou-se um grande sucesso e até hoje figura em listas dos melhores filmes de todos os tempos.
Ernst Lubitsch nasceu em Berlim, em 28 de janeiro de 1892. Começou no cinema trabalhando como ator, mas logo passou para a direção. Seu primeiro trabalho como diretor, foi um curta realizado em 1914. A aclamação viria em 1918, com o filme “Os Olhos da Múmia”. Entre 1919 e 1920, dirigiu os filmes “Madame DuBarry” e “Ana Bolena”, que tornaram-se grandes sucessos e fizeram que seu nome figurasse entre os grandes diretores do cinema mudo alemão. Foi durante esse período que firmaria uma parceria de sucesso com Pola Negri, atriz que estrelou boa parte de seus filmes alemães. Em 1923, a convite de Mary Pickford, vai para Hollywood dirigi-la em “Rosita”, filme que se tornaria um fracasso comercial. No início da década de 30, com a transição do cinema mudo para o falado, dirigiria algumas comédias musicais que caíram no gosto do público.
Entre 1932 e 1933, dirige os filmes “Ladrão de Alcova” e “Sócios do Amor”, que se tornariam filmes emblemáticos do período Pre-Code de Hollywood. Nos anos seguintes trabalharia com grandes atores e atrizes como: Greta Garbo, Marlene Dietrich, Carole Lombard, Charles Boyer, Gary Cooper, Gene Tierney, Dom Ameche, entre outros. Durante a produção de “A Condessa se Rende”, sofreu um ataque cardíaco fulminate. O filme foi concluído por Otto Preminger. Lubitsch possuía um estilo único: seus filmes possuíam ironia, sarcasmo e até mesmo erotismo, mas sempre em doses moderadas. Tais características foram chamadas de “o Toque Lubitsch”.
PRINCIPAIS TRABALHOS
CINEMA MUDO
OS OLHOS DA MÚMIA
MADAME DUBARRY
SUMURUN
ANA BOLENA
PARAÍSO PROIBIDO
O LEQUE DE LADY WINDERMERE
EM PARIS É ASSIM
CINEMA SONORO
ALVORADA DO AMOR
O TENENTE SEDUTOR
LADRÃO DE ALCOVA
SÓCIOS NO AMOR
ANJO
A OITAVA ESPOSA DO BARBA AZUL
NINOTCHKA
A LOJA DA ESQUINA
SER OU NÃO SER
O DIABO DISSE NÃO
REMAKES E OUTRAS ADAPTAÇÕES
A NOIVA DESCONHECIDA (1949), estrelado por Judy Garland e Van Johnson.
SHE LOVES ME (1963), uma peça musical da Broadway
MENSAGEM PARA VOCÊ (1998), estrelado por Tom Hanks e Meg Ryan. Desta vez, as cartas dão lugar aos e-mails.
CURIOSIDADES
Inicialmente, Lubitsch não acreditava no potencial do filme. Em uma entrevista ele declarou:
"Não é um grande filme, é apenas uma história tranquila que parecia ter algum encanto. Não custou muito, para tal elenco, menos de $ 500.000. Foi feito em 28 dias. Espero que tenha algum charme. " Curiosamente, este filme tornou-se o filme que ele mais gostou de dirigir em toda sua carreira, além de um grande sucesso comercial.
Este seria o terceiro de quatro filmes estrelados por James Stewart e Margaret Sullavan. A dupla estrelou os seguintes filmes: “Amemos Outra Vez” (1936), “O Último Beijo” (1938), “A Loja da Esquina” (1940) e “Tempestades d’Alma” (1940).
Ocupa o 28º lugar na lista da American Film Institute: 100 Anos... 100 Paixões, lista das 100 maiores histórias de amor do cinema, realizada em 2002.
"A Loja da Esquina", foi lançado pela Classicline. Clique na capa abaixo e seja redirecionado para o site da distribuidora.
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