Filmes com críticas sociais, não são uma novidade dos filmes falados. Ainda na era silenciosa, haviam filmes que abordavam temas como estupro, machismo, métodos contraceptivos, prostituição, homossexualidade, entre outros. E o mais bacana disso, era que esses temas eram abordados com bastante naturalidade e sem determinados estereótipos que foram surgindo com a chegada dos filmes falados e dos códigos de censura. Trago hoje, uma lista com filmes interessantíssimos. Alguns infelizmente não são tão famosos e reconhecidos e isso é uma pena.
Shoes
Dirigido por Lois Weber, conta a história de uma moça, cujo desejo é comprar um novo par de sapatos, mas ela nunca consegue esse desejo tão simples, pois de certa forma é explorada por sua família. Ela dá todo o seu salário para sua mãe e seu pai não quer saber de trabalhar. A situação piora, quando ela é assediada por um cliente da loja em que trabalha e seu único par de sapatos começa a deteriorar. Ela então toma a difícil decisão de se prostituir para poder comprar um novo par de sapatos. A prostituição nesse filme é abordada de forma humana e sem julgamentos e sem qualquer tipo de estereótipo que ofenda as mulheres.
Diferente dos Outros (Anders als die Andern)
Considerado o primeiro filme a falar sobre homossexualidade (já dediquei um post inteiro sobre ele aqui no blog), foi produzido na Alemanha antes do Nazismo. É um filme percursor, pois a homossexualidade sempre foi tratada como tabu no cinema e esse é um dos poucos filmes desse período em que o personagem homossexual não é retratado de forma caricata ou debochada. O filme falava inclusive sobre pessoas que não aceitavam a homossexualidade e achavam que ela deveria ter uma "cura". Foi um filme que causou a fúria de entidades religiosas e com a chegada do Nazismo teve suas cópias destruídas e quase se tornou um filme perdido.
Sublime Redenção (The Red Kimona)
O filme fala sobre uma garota que se apaixona por um rapaz que a usa como prostituta, tornando-se seu cafetão. Em um ato de desespero, ela o mata e vai presa. Após cumprir sua pena ela sofre diversos preconceitos por ser uma ex-detenta. O mais interessante sobre esse filme, além das críticas à prostituição e ao preconceito aos ex-detentos, é que ele foi produzido em maior parte por mulheres.
As Consequências do Feminismo (Les résultats du féminisme)
Produzido e dirigido por Alice Guy-Blaché, não seria exagero dizer que esse curta pode ser considerado uma das primeiras críticas sociais da história do cinema. O curta pega um pensamento machista, em que os homens acreditam que o Feminismo seria uma imposição das mulheres sobre eles e faz disso uma grande sátira.
A Vida Sexual dos Prisioneiros (Geschlecht in Fesseln – Die Sexualnot der Strafgefangenen)
Um filme que aborda a história de um homem casado que comete um crime e é preso. Na prisão acaba sofrendo de abstinência sexual, até que com a chegada de um outro detento, ele passa a repensar seus valores sexuais. O interessante desse filme é que ele aborda também a abstinência da esposa que está do lado de fora e tenta resistir aos cortejos de um amigo do casal. É um filme bastante esquecido e obscuro sobre o tema da vida sexual de pessoas presas.
A Aldeia do Pecado (Baby Ryazanskie)
Um filme que infelizmente é bastante obscuro e que fala de temas que infelizmente são atuais: estupro, machismo e demonização da mulher estuprada. O filme conta a história de um casal que se separa por causa da guerra. A moça fica morando com a família do rapaz e sofre com os assédios do pai do rapaz e com o desprezo das duas mulheres da casa, que são regidas pelo patriarcado e pouco se importam com isso. Ela acaba sendo estuprada pelo pai do rapaz e vira motivo de vergonha da aldeia, ao engravidar dele.
Onde Estão Minhas Crianças? (Where Are My Children?)
Mais um filme dirigido por Lois Weber. Talvez o mais complexo dela, pois toca em diversas feridas sociais. O filme fala sobre controle de natalidade, mas condena o aborto. Ao mesmo tempo em que condena o aborto, critica o fato dele ser um privilégio das mulheres ricas. Outra crítica presente no filme é o fato da mulher ser vista pela sociedade como uma reprodutora. A protagonista é vista como egoísta por não querer ter filhos, enquanto seu marido deseja o contrário. O filme enfatiza muito se o caso fosse contrário, se o homem não quisesse ter filhos, se ele seria visto como egoísta também.
The Devil's Needle
Produzido em 1916, esse foi um dos filmes pioneiros sobre consumo de drogas e reabilitação social dos viciados. Chegou a ser censurado em diversos lugares.
When Little Lindy Sang
Dirigido por Lule Warrenton, é um curta-metragem que aborda o racismo e o bullying no ambiente escolar.
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