NORMA SHEARER - A RAINHA SUPREMA DA MGM

Ela foi uma das grandes atrizes da Era Clássica de Hollywood. Começou sua carreira ainda no cinema mudo e transitou para o cinema sonoro com grande êxito. Na era Pre-Code, suas personagens eram sinônimo de empoderamento, feminilidade e sensualidade. Após a censura, desempenhou papéis de mulheres sofisticadas. Norma Shearer foi uma das figuras mais versáteis que já passaram por Hollywood. Se adaptou a todas as mudanças do sistema, durante sua carreira. Seu casamento com Irving Thalberg, "o menino de ouro" da MGM, influenciou bastante sua ascensão para o estrelato, mas foi graças ao seu talento, que Norma Shearer se tornou uma das lendas de Hollywood.
Seu nome de batismo era Edith Norma Shearer. Teve uma infância bastante próspera, já que sua família possuía dinheiro. Mas nem sempre sua infância seria sinônimo de tranquilidade: seu pai, sofreu uma crise econômica, enquanto sua irmã mais velha Athole, sofria seu primeiro colapso mental. Foram obrigados a mudarem o estilo de vida. Passaram a morar em uma casa mais barata e a ter um estilo de vida mais modesto. Sua mãe então, decidiu se separar de seu pai e levou Norma e sua irmã para morarem em uma pensão, enquanto Douglas, seu irmão mais velho (que se tornaria um dos grandes diretores de gravação da MGM), ficou com o pai.
Antes de atingir o estrelato, Norma contou com diversas tentativas desastrosas. Tentou entrar para o Ziegfeld Follies e fracassou, passando a fazer pequenas participações em filmes. Após a fusão da MGM em 1924, Norma foi escalada para um dos papéis principais de "Lágrimas de Palhaço" ( He Who Gets Slapped). O filme estrelado por Lon Chaney, foi um grande sucesso e trouxe Norma Shearer definitivamente para o estrelato.
Com o sucesso do filme, Norma passou a exigir melhores papéis e condições de trabalho, visto que na mesma época, Greta Garbo era considerada a número um do estúdio. A intenção de Norma, não era de forma alguma ofuscar Greta Garbo, mas sim atingir o seu próprio patamar, sem a necessidade de competição com outra atriz. Foi nesse período que o seu relacionamento com Irving Thalberg, tornou-se mais íntimo, já que Thalberg lidava diretamente com os astros e estrelas do estúdio. Em 29 de setembro de 1927, Norma Shearer e Irving Thalberg se casaram. Do casamento, tiveram dois filhos:  Irving Thalberg Jr. e Katherine.
No final da década de 20, Norma Shearer já era uma das deusas do Olimpo de Hollywood e se via diante de mais um grande desafio: protagonizar um filme sonoro. Seu primeiro filme sonoro foi "O Julgamento de Mary Dugan" (The Trial of Mary Dugan), baseado em uma peça teatral de mesmo nome. Além de ser seu primeiro filme falado, este seria também seu primeiro filme Pre-Code. 
Foi em 1930, que Norma Shearer finalmente seria considerada a "Rainha da MGM", graças ao filme "A Divorciada" (The Divorcee), ganhando um Oscar por seu desempenho. O irônico é que mesmo sendo casada com um produtor e tendo forte preferência na escolha de papéis, Norma nem de longe era a favorita para esse papel. Praticamente teve que usar argumentos e estratégias para convencer tanto seu marido, quanto Louis B. Mayer, de que era a escolha perfeita para o papel de uma mulher que decide após uma traição, se separar do marido e viver livremente casos amorosos com diversos homens. Para conseguir o papel, Norma fez uma série de fotos com roupas provocantes, para provar que possuía sex appeal. 
Após o êxito de "A Divorciada", Norma Shearer fez uma sequência de filmes que se tornaram grandes bilheterias e na maioria desses filmes, suas personagens eram mulheres fortes, de opinião e sexualmente livres, inspirando diversas mulheres que assistiam a esses filmes a agirem igualmente na vida real. Com a aplicação do Código Hays em 1934, Norma Shearer foi obrigada a mudar a direção de sua carreira: passou a interpretar mulheres sofisticadas e sexualmente podadas. Chegou até mesmo a interpretar Julieta em uma versão de "Romeu e Julieta" (Romeo and Juliet), ao lado de Leslie Howard, sendo esse filme um de seus primeiros desastres de bilheteria e crítica.
Em 1936, Norma sofreria mais um evento dramático em sua vida: Irving Thalberg faleceria subitamente de um ataque cardíaco. Após a morte de Thalberg, Norma sabia que sua influência iria diminuir drasticamente na MGM. Ela acabou entrando com um processo contra a MGM, para continuar recebendo os ganhos dos filmes produzidos por Thalberg. Louis B. Mayer se recusava a pagar esses ganhos e só cedeu após Norma divulgar o processo na coluna de fofocas de Louella Parsons. Curiosamente, mesmo processando o estúdio, Norma assinou um novo contrato para seis filmes.
Em 1938, protagonizou "Maria Antonietta" (Marie Antoinette), um dos filmes históricos mais luxuosos já produzidos, provando para o público que mesmo após a morte de Thalberg, Norma ainda possuía grande prestígio na MGM (que tentava boicotá-la). Em 1939, protagonizou "As Mulheres" (The Women), junto com Joan Crawford, uma de suas grandes rivais. A rivalidade entre ambas foi amplamente divulgada e explorada pelo estúdio e pelos tabloides. Foi a partir de então, que Norma percebeu que sua carreira poderia entrar em declínio.
"Tu És a Única" (We Were Dancing) e "Idílio à Muque" (Her Cardboard Lover), ambos de 1942, fracassaram em crítica e bilheteria, fazendo com que Norma tomasse a decisão de se aposentar do cinema. Após sua aposentadoria, Norma chegou a casar-se novamente e levou uma vida reclusa, com poucas aparições sociais. Norma faleceu em 12 de junho de 1983, aos 80 anos. Ao aposentar-se, acabou sendo esquecida, já que seus filmes saíram de circuito nos cinemas. 
Entre as décadas de 50 e 70, seu nome foi reavivado graças a exibição de seus filmes na televisão e a um revival de seus filmes no cinema. Na época de sua morte era reconhecida apenas pelos filmes "Maria Antonietta" e "As Mulheres". Na década de 90, seu nome voltou aos holofotes, graças às exibições de seus filmes na televisão, para as novas gerações. Alguns haviam sido exibidos apenas na década de 30, permanecendo anos arquivados. Seu nome voltou a se tornar popular entre os amantes de cinema e seus filmes mostram que a alcunha da rainha da MGM foi um título merecido.

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