Elas eram mais temidas que qualquer dono de estúdio. Até mesmo os chefões de Hollywood as temiam. Elas eram o pesadelo de astros e estrelas. Elas possuíam o poder de construir ou destruir carreiras. Elas criavam imagens perfeitas de astros e estrelas e as vendiam ao público que acreditava no que estava escrito em suas colunas. Elas eram capazes de abafarem ou exporem escândalos. Os chefões de estúdio as usavam como ameaça, caso seus contratados não andassem na linha e também faziam acordos com elas, para que determinadas informações não vazassem. Essas eram Hedda Hopper, Louella Parsons e Sheilah Graham, colunistas que falavam sobre astros e estrelas de Hollywood.
Hedda Hopper
Antes de ser a famosa colunista de fofocas, Hedda havia sido atriz. Sua carreira como atriz começou em 1910 e durou até receber um convite para escrever uma coluna de fofocas no Los Angeles Times em 1938. Suas fofocas não se limitavam apenas ao círculo de Hollywood. Uma de suas notórias vítimas fora de Hollywood, foi James Roosevelt, filho do presidente Franklin Roosevelt, que foi exposto por ter um caso com uma enfermeira. Além de ser conhecida por ter um gosto extravagante por chapéus, Hedda era conhecida por ser uma conservadora nata. Expôs um caso entre Joseph Cotten e Deanna Durbin, além de insinuar que Stewart Granger era homossexual. Joan Crawford era uma das atrizes as quais Hopper defendia em suas colunas. Quando Crawford passou a ser considerada veneno de bilheteria, Hopper fez uma campanha a favor da atriz. Chegou a dirigir comentários racistas a Sidney Poitier durante uma entrevista, dizendo que ele era o único negro que ela conhecia que não sabia cantar. Foi um dos nomes por trás da famosa lista negra de Hollywoood. Ela fez questão de divulgar nomes de astros e estrelas suspeitos de comunismo em sua coluna. Trumbo foi uma de suas vítimas mais famosas. Hedda acusou o roteirista de ser comunista e fez com que ele fosse banido de Hollywood. Kirk Douglas afrontou-a e contratou Trumbo para escrever o roteiro de "Spartacus". Hedda ameaçou Kirk, dizendo que ia expô-lo em sua coluna por apoiar um comunista. Kirk pouco se importou e Hedda espalhou a notícia, mas mesmo assim o filme foi um grande sucesso. Outra vítima famosa de Hopper foi Ingrid Bergman. Antes do escândalo com Rossellini, Hopper fazia forte campanha a favor dos filmes de Bergman. Quando Bergman mentiu a respeito de estar grávida de Rossellini, Hopper fez uma campanha contra a atriz, reforçando o adultério e a gravidez fora do casamento. Mesmo após se tornar uma célebre (e temida) colunista, ela ainda chegou a fazer algumas participações especiais em alguns filmes. "Crepúsculo dos Deuses" (Sunset Blvd.) é um dos filmes dos quais ela participou.
Louella Parsons
Louella é considerada a primeira colunista de fofocas sobre Hollywood. Seu monopólio durou muitos anos até a chegada de Hedda Hopper. Mesmo ameaçada por Hopper, a qual era considerada sua mais famosa rival, Louella manteve-se durante toda sua carreira, como uma das jornalistas mais poderosas de Hollywood. Antes de se tornar a temida jornalista, chegou a casar-se e ter uma filha, mas descobriu que seu marido tinha uma amante e em seguida foi abandonada por ele. Em 1914, ganhou a sua primeira coluna de fofocas no jornal Chicago Record Herald. Em 1928, tinha um programa de rádio, onde entrevistava astros e estrelas do cinema. Louella era conhecida pelos seus métodos nada ortodoxos em conseguir furos de reportagens: contratava detetives, colocava olheiros nos estúdios e às vezes a própria se escondia pelos cantos, atrás de algo que comprometesse alguém. Mary Pickford e Douglas Fairbanks foram umas de suas vítimas. O divórcio do casal foi retratado em sua coluna em tom sensacionalista e uma entrevista com Mary Pickford feita anteriormente, foi totalmente distorcida. Grace Kelly quase teve sua carreira arruinada, quando Louella expôs seu caso com Ray Milland, enquanto os dois gravavam "Disque M para Matar" (Dial M for Murder). Foi Louella, através de seus informantes, que descobriu que Ingrid Bergman havia mentido para Hedda Hopper sobre sua gravidez e informou em primeira mão a notícia. Norma Shearer foi outra de suas vítimas: por ter sido escalada pra protagonizar um filme que a princípio seria protagonizado por Marion Davies, uma das atrizes protegidas por Louella, sofreu um boicote de um ano, sem ter seus filmes divulgados na coluna da jornalista. Louella foi uma das jornalistas que quase arruinaram a publicidade de "Cidadão Kane" (Citizen Kane), chegando a acusar Orson Welles de comunismo. O filme acabou fazendo sucesso, mas a imagem de Welles ficou arranhada.
Sheilah Graham
Quando falamos sobre colunas de fofocas em Hollywood, lembramos imediatamente de Hedda e Louella, mas além das duas havia também Sheilah Graham. Por algum motivo, hoje em dia, o nome de Sheilah tornou-se bastante obscuro, mas em sua época, Sheilah possuía uma certa popularidade e influência em suas colunas, nada tão poderoso quanto Louella e Hedda, mas mesmo assim Sheilah tinha seus seguidores. Sheilah é mais lembrada por seu caso com o escritor F. Scott Fitzgerald, autor de clássicos como "O Grande Gatsby" e "Suave é a Noite", retratado no filme "O Ídolo de Cristal" (Beloved Infidel), protagonizado por Deborah Kerr e Gregory Peck (Sheilah e Scott respectivamente), baseado em uma autobiografia da colunista. Sheilah ganhou notoriedade ao escrever uma coluna chamada "Hollywood Today", durante 35 anos, chegando a publicar mais notas que Hedda Hopper e Louella Parsons. Chegou a escrever para as revistas Photoplay e Variety. Posteriormente, foi para o rádio e para a televisão, onde apresentou uma espécie de talk show e fez pequenas participações em filmes. Em uma entrevista, declarou: "Eu não acho que haja algo de errado com a fofoca. O que eu sempre pensei é que a fofoca é a fumaça antes do fogo. Ela alerta você para o que vai acontecer. As pessoas sempre estão interessadas em celebridades. Elas querem saber o que os faz funcionar, o que eles têm no café da manhã."
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