Quando falamos sobre musicais, sempre nos lembramos daquela atmosfera alegre, colorida e mágica que os rodeiam sempre. Os musicais existiam para fazer com que as pessoas pudessem sonhar em tempos difíceis. "Dançando nas Nuvens" (It's Always Fair Weather) é um musical que consegue se desvencilhar dos demais: é um musical colorido, porém amargo, triste e melancólico, sobre amizades. Tais ingredientes acabaram afastando o público, mas com o avanço dos anos, o filme voltou a ser resgatado e hoje consegue mostrar a sua importância, mesmo que no fundo ele tenha destoado de boa parte dos elementos fundamentais do gênero.
Betty Comden e Adolph Green conceberam a história do filme, primeiramente como uma continuação de "Um Dia em NY" (On The Town) e a princípio seria um show da Broadway, mas por insistência de Gene Kelly, a história foi transformada em um roteiro. A MGM porém não estava interessada na história como uma continuação de "Um Dia em NY", pelo fato de terem que contratar Frank Sinatra que já havia causado problemas no estúdio anteriormente e tinha uma fama de difícil de se lidar e também não queriam Jules Munshin, que na época já se encontrava com a carreira em declínio.
A solução então foi reformular a história, fazendo algumas mudanças e evitando a associação com "Um Dia em NY". Gene Kelly havia anteriormente passado uma boa temporada na Europa, fugindo das tributações. No continente, chegou a filmar alguns filmes que fracassaram, com isso, se viu forçado a voltar para os EUA. Com as reformulações no roteiro prontas, Gene Kelly buscou em Stanley Donen, que já havia dirigido "Cantando na Chuva" (Singin' the Rain) e "Um Dia em NY", um parceiro para co-dirigir. Os dois haviam co-dirigido "Um Dia em NY" anteriormente.
Gene Kelly tinha a fama de ser uma pessoa bastante difícil e perfeccionista para se trabalhar e Donen que até então era amigo de Gene Kelly, relutou em trabalhar novamente com ele, mas no final acabou aceitando. Durante a produção do filme, os dois entraram em diversas divergências, resultando no fim da amizade entre os dois. Gene Kelly contou também com o descaso da MGM na produção do filme. Com a ascensão da televisão, o cinema se encontrava em declínio e o primeiro gênero a sofrer uma queda brusca foi justamente os musicais.
A MGM pouco se importou com a divulgação do filme, além de impor diversas dificuldades na produção do filme. Uma dessas dificuldades foi filmar o filme em CinemaScope, um método de filmagem ao qual Gene Kelly não estava tão habituado como seu famoso "rival" Fred Astaire. O filme acaba mostrando alguns dos esforços de Gene Kelly em se adaptar ao CinemaScope.
O filme se passa no final da Segunda Guerra Mundial, mostrando o pacto de três ex-combatentes e amigos: Ted (Kelly), Doug (Dan Dailey) e Angie Valentine (Michael Kidd) de se reencontrarem dez anos depois em um bar frequentado pelos três. Nos anos que antecedem o reencontro, Ted que queria ser um advogado, acaba se tornando um promotor de lutas. Doug que queria ser um pintor se torna um publicitário frustrado e com o casamento em crise. Angie que planejava ser um chef, é dono de uma lanchonete. Chegando a data de reencontro, o trio se encontra em um caríssimo restaurante, como convidados de Doug.
Os três amigos se chocam ao perceberem como mudaram num espaço de tempo, em como não conseguiram realizar seus sonhos e em como estão diferentes. Ainda no restaurante, Doug encontra seu patrão, que lhe apresenta uma produtora de TV chamada Jackie (Cyd Charisse). Jackie precisa de uma ideia, para um programa de TV, onde são levados convidados surpresa e ao ter conhecimento do reencontro do trio, acredita que isso daria uma ótima pauta para o programa.
O filme chegou aos cinemas em 1955, numa época em que os musicais já não entusiasmavam tanto o público e esse foi um dos fatores que determinaram o seu fracasso nas bilheterias. Outro fator que pode ter afugentado o público, foi a linguagem pessimista sobre amizade, utilizada no filme. Boa parte do fracasso do filme, se deu pelo fato da direção da MGM, pouco se importar em divulgar o filme, que contrário ao fracasso de público, foi bem recebido pela crítica. Nem mesmo os elogios calorosos dos jornalistas e críticos especializados, fizeram o público ir aos cinemas e o filme acabou ficando por anos no esquecimento.
Com o passar dos anos, o filme foi resgatado e teve sua importância reconhecida, principalmente por ser um musical que destoava do gênero, geralmente otimista e alegre. Cenas do filme foram exibidas em "Era Uma Vez em Hollywood II" (That's Entertainment, Part II) de 1976. Chegou a ser indicado para uma lista de 25 melhores musicais realizada em 2006. Mesmo sendo um fracasso de bilheteria, o filme conseguiu duas indicações ao Oscar, uma delas na categoria de Melhor Roteiro.
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