Um poema chamado " Enoch Arden", escrito em 1864 por Alfred Tennyson, um barão inglês, falava sobre um pescador, casado e pai de três filhos, que deixa a família ao receber uma oportunidade de trabalho. Durante a viagem, o pescador acaba sofrendo um acidente de barco e naufragando em uma ilha deserta com dois companheiros, que acabam morrendo e deixando o pescador só. Após dez anos, o pescador descobre que sua esposa, pensando que ele estava morto, está agora casada com seu melhor amigo de infância e que tem um filho com ele. O pescador descobre também que um de seus três filhos morreu. Decidido a não estragar a felicidade de sua esposa, o pescador decide não se revelar vivo e acaba morrendo de decepção.
O poema chegou a ser adaptado diversas vezes para o cinema, na fase silenciosa houve três adaptações, sendo uma delas dirigida por D.W. Griffith. Em 1940, o poema ganhou uma adaptação cômica chamada "Minha Esposa Favorita" (My Favorite Wife), uma das comédias mais aclamadas da história do cinema, sendo estrelada por Irene Dunne, Cary Grant e Randolph Scott. No mesmo ano foi produzida uma versão hoje obscura e esquecida, chamada "Maridos em Profusão" (Too Many Husbands), nessa versão o marido é dado como morto e a esposa interpretada por Jean Arthur se casa com um outro homem.
Em 1962, seria produzida uma nova adaptação do poema, chamada "Something's Got to Give", com Marilyn Monroe, Dean Martin e Cyd Charisse nos papéis principais, porém a produção se tornou bastante tumultuada, devido aos atrasos e faltas de Marilyn Monroe que dizia sofrer de diversas doenças. Os atrasos e faltas de Marilyn acabaram prejudicando a produção que estava com o orçamento estourado e diversos atrasos no cronograma de gravações. Então, Marilyn acabou sendo demitida e a Fox cogitou colocar outra atriz em seu lugar e refilmar todas suas cenas, porém Dean Martin se negou a continuar no projeto e o filme não foi concluído. Chegou-se a recontratar Marilyn, porém ela acabou morrendo alguns dias depois.
No ano seguinte, a Fox resolveu trazer de volta o projeto de regravação do poema e desta vez adaptou o projeto para ser estrelado por Doris Day. Além de Doris Day, o filme conta com James Garner, Thelma Ritter e Polly Bergen. O filme recebeu o nome de "Move Over Darling". O roteiro do filme foi baseado diretamente na adaptação de 1940 (My Favorite Wife), sofrendo algumas alterações e atualizações e fazendo com que a personagem se aproximasse mais ao perfil de Doris Day.
A história do filme se mantêm fiel: após 5 anos do desaparecimento de sua mulher Ellen (Doris Day) em um acidente, Nicholas (James Garner) decide declara-la legalmente morta e decide também casar-se com Bianca (Polly Bergen). No dia do casamento de Nicholas e Bianca, Ellen reaparece e descobre através de sua "ex" sogra Grace (Thelma Ritter), que seu marido casou-se naquele dia e que está partindo em lua de mel. Ellen então decide ir atrás do casal, a fim de impedir que o casamento se consuma.
Ellen consegue impedir que o casamento se consuma, deixando Nicholas atordoado com sua volta. Agora Nicholas tem a missão de contar para Bianca toda a verdade, o que não vai ser fácil, já que Nicholas é bastante covarde. Em meio a toda essa confusão, Ellen omite do marido que durante todo o período em que esteve desaparecida e presa em uma ilha, ela não estava só, mas sim acompanhada de um outro homem bastante bonito e atraente a quem chamava de "Adão", enquanto ele a chamava de "Eva". Quando Nicholas descobre esse detalhe omitido, a confusão recomeça.
O filme chegou aos cinemas em dezembro de 1963, na época do Natal e foi um estrondoso sucesso, arrecadando mais de 12 milhões de dólares, enquanto a Fox sofria prejuízos gigantescos com o épico "Cleópatra". Doris Day foi indicada ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Comédia ou Musical, perdendo para Shirley MacLaine em "Irma La Douce".
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