Hattie nasceu em Wichita, Kansas, em 10 de junho de 1895. Seu pai era um pastor batista e sua mãe uma cantora gospel. Seu pai havia nascido sob a condição de escravo, já que a avó de Hattie havia sido escrava na Virgínia. Ainda jovem, conseguiu a proeza de ser a única negra a participar de um evento e a ganhar uma medalha, por recitar um poema de sua própria autoria. Ao ganhar o concurso, decidiu que deveria entrar na área de entretenimento. Junto com seu pai e dois dos seus doze irmãos, formou um grupo musical que excursionava pelo país. Além de ser a cantora, Hattie também compunha as canções.
Em 1916, após a morte de um dos seus irmãos que compunha o grupo, o grupo acabou se desfazendo e Hattie voltaria a trabalhar na área de entretenimento em 1920, numa peça que recebeu ótimas críticas. A vida de Hattie se interligaria muito com o rádio, onde ele fez uma carreira mais sólida. O primeiro contato de Hattie com o rádio, ocorreu em 1925 e Hattie novamente quebraria mais um paradigma: seria uma das primeiras cantoras negras a se apresentarem em uma emissora de rádio. Após uma boa fase no rádio, Hattie viu sua vida desabar com o início da Grande Depressão. Hattie acabou perdendo o seu emprego e o único emprego que lhe apareceu foi de atendente de banheiro em um clube de pessoas brancas. Ao saber que Hattie era uma cantora, o dono deixou ela se apresentar e ela se tornou uma das maiores atrações da casa.
Na década de 30, Hattie já havia participado de alguns filmes, sem ser creditada e quando não conseguia um papel, trabalhava como empregada doméstica. Hattie ainda conseguiria um emprego em uma rádio e seria uma das mais populares cantoras da época, porém seu salário era tão baixo a ponto dela continuar trabalhando como empregada doméstica. Após fazer algumas participações em filmes já creditada, Hattie ficou sabendo que estavam a procura de uma atriz para um papel em um importante projeto da MGM. Todos os papéis de "E o Vento Levou" contaram com disputa acirrada e o de Mammy não seria diferente. Hattie a princípio não levou muita fé de que seria escolhida para o papel, pois ela era conhecida por ser uma atriz cômica e outro fator também pesaria para o seu desânimo: Eleanor Roosevelt chegou a pressionar David O. Selznick, o produtor do filme, para que ele escolhesse sua empregada para o papel. Mesmo com todos esses percalços, Hattie ficou com o papel e levou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em uma época em que o racismo estava em voga.
Para receber seu prêmio, Hattie travou uma luta. A princípio ela nem seria convidada, se não fosse a fortes pressões de Clark Gable, que ameaçou boicotar a celebração caso Hattie não fosse convidada. O local onde a entrega do prêmio era feita, não aceitava a entrada de negros. David O. Selznick teve que fazer uma forte negociação para que Hattie fosse aceita e mesmo assim ela não pôde sentar-se ao lado dos colegas de elenco durante a celebração: ela teve que aguardar em uma mesa isolada, até a hora em que fosse anunciada. Naquela época os atores e atrizes que concorriam aos prêmios, sabiam com antecedência quem eram os vencedores.
Ao receber o prêmio, disse emocionada, um discurso feito pela própria MGM, discurso esse que lhe causaria transtornos com a comunidade negra que se via dividida com a vitória de uma atriz negra representando todo o estereótipo que a raça carregava consigo há anos. Após sua vitória, ao invés de sua carreira no cinema ascender, começou a declinar. Mais e mais papéis de empregadas surgiram, fazendo com que Hattie pegasse desgosto pelo cinema. Foi então que Hattie voltou ao rádio e foi a primeira artista negra a ter seu próprio show de rádio. "Beulah" foi um sucesso estrondoso e Hattie ainda estrelou a versão televisiva do show, a partir da segunda temporada, substituindo Ethel Waters. Em "Beulah", Hattie interpretava novamente uma empregada, porém não havia os estereótipos aos quais ela e outras tantas atrizes negras eram constantemente submetidas. Após filmar alguns episódios, Hattie descobriu que estava com um tumor na mama. Acabou se afastando do show televisivo e foi substituída por Louise Beavers.
Hattie acabou falecendo em 26 de outubro de 1952, aos 57 anos. Seu maior desejo era ser enterrada no Cemitério de Hollywood (hoje chamado Hollywood Forever Cemetery), porém o dono do cemitério na época, se recusou a ter uma negra enterrada em seu cemitério. Hattie então foi enterrada Cemitério Angelus Rosedale, em Los Angeles, um dos poucos cemitérios que na época aceitavam enterrar pessoas de todas as raças. Em 1999, a nova administração do Hollywood Forever Cemetery, entrou em contado com a família de Hattie e se dispuseram a tê-la entre seus astros e estrelas enterrados, porém a família se negou a fazer a mudança dos restos mortais de Hattie e então como forma de homenagem e pedido de desculpas, foi construído um memorial em sua homenagem. Hattie tem duas estrelas na Calçada da Fama: uma por sua carreira no rádio e outra pela carreira no cinema.
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Nossa!! Como foi bom conhecer um pouco da história dessa atriz. Legal!
ردحذفNossa!! Como foi bom conhecer um pouco da história dessa atriz. Legal!
ردحذفVolte sempre :)
حذفImpressionante a história dessa mulher! Parabéns pela matéria!
ردحذفMuito Obrigado
حذفHistória admirável causa orgulho
ردحذفNossa amo esse filme desde da primeira vez que vi... maravilhoso saber da história dessa atriz que não se rendeu aos desejos do cinema racista em só quererem que ela interpretasse uma empregada ✊��✊��✊��
ردحذفComovente. Impressionante como meu povo TÊM GARRA, porque talento nem se discute. Muito obrigada pela valiosíssima informação.
ردحذفUma linda,emocionante estoria, um grande esemplo de ser humano.
ردحذفDemais, muitas vezes visitamos obras clássicas do cinema sem saber boa parte da história por trás de uma produção ou sobre seus atores. Adorei, recomendo para uma próxima fazer sobre a Margaret Hamilton.
ردحذفAs cenas dela em "E o vento levou", são inesquecíveis. Maravilhosa !!!
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