MAE WEST - UM ESCÂNDALO A CADA NOVO FILME

Mae West foi uma das figuras mais fascinantes da Era Clássica de Hollywood. Além de atuar, Mae escrevia os roteiros dos filmes que produzia e protagonizava e geralmente não eram nada ortodoxos. Quando seus filmes chegavam aos cinemas, uma onda de escândalo os acompanhavam, já que na maioria dos seus filmes, Mae interpretava uma figura predadora, maliciosa e que literalmente colocavas homens no bolso. E ela fazia tudo isso em uma época bastante hipócrita e machista. Mae era uma das principais dores de cabeça dos censores do Código Hays, uma organização que tinha como função proibir assuntos polêmicos como uso de drogas, homossexualidade, sexo e entre outros nos filmes. Mesmo com toda essa limitação, Mae conseguia de forma admirável, inserir diálogos de duplo sentido em seus filmes e levava o público à loucura.
Mae nasceu em 17 de agosto de 1893, em Nova York. Seu pai era um boxeador e sua mãe tinha origem francesa. Precoce, começou a trabalhar no teatro aos 5 anos. No fim da década de 10 e início da década de 20, escreveu algumas peças de teatro. Em 1926 "Sex" seria seu primeiro sucesso, como também o primeiro escândalo. A partir daí o mito Mae West nascia. Por causa tanto do contexto, quanto a forma em que Mae desempenhava o papel de uma prostituta na peça, os jornais se recusaram a dar qualquer tipo de publicação ou divulgação para a peça estrelada, produzida, dirigida e escrita por Mae. Mesmo sendo sabotada pela imprensa, Mae conseguiu atrair público para a peça que foi um sucesso e se manteve firme durante mais de 300 apresentações e só saiu de cartaz, após Mae despertar a fúria de um grupo conservador que conseguiu colocá-la na cadeia por oito dias. Graças a esse escândalo, Mae ganhou a alcunha de "Bad Girl".
Sua próxima peça, chamada "The Drag", abordava claramente e diretamente a homossexualidade. Mae a apresentou em Connecticut e New Jersey e estava pronta para ir para Nova York, porém foi novamente barrada pelo mesmo grupo conservador, que a impediu de chegar na Broadway. Mae West foi uma das primeiras atrizes a se posicionarem a favor do Feminismo e dos homossexuais. West continuou a escrever peças, causar escândalos e a lotar casas. Em 1928 escreveria "Diamond Lili", um de seus maiores sucessos, ao lado de "Sex". "Diamond Lili" fez com que Mae West despertasse a atenção de Hollywood para o seu talento.
Sua chegada em Hollywood ocorreu em 1932, com um contrato no valor de 5 mil dólares por semana, na Paramount. Nessa época Mae West já estava perto dos 40 anos, idade em que as atrizes começavam a perder valor e bons papéis em Hollywood. Seu primeiro filme foi "Noite Após Noite" (Night After Night), que a princípio causou-lhe desgosto. Desgostosa com o papel, Mae exigiu que suas falas fossem reescritas por ela mesma e milagrosamente a direção da Paramount acatou tal exigência. O resultado podemos ver na primeira cena em que Mae aparece repleta de diamantes e uma garota lhe fala: "Meu Deus! Que diamantes lindos!!". Então Mae lhe responde: "Querida, Deus nada teve a ver com isso!". Sobre o filme, George Raft, seu parceiro de cena disse: "Ela roubou tudo, exceto as câmeras". 
Seu segundo filme, seria uma adaptação de "Diamond Lilli", agora com o nome de "She Done Him Wrong" (Uma Loura para Três). Esse filme além de ser o seu primeiro grande sucesso na Paramount, é ainda o filme que lançou Cary Grant ao estrelato. Cary havia começado sua carreira há algum tempo, mas recebia apenas papéis pequenos e sem grande importância. Mae o viu por acaso nos corredores da Paramount e se encantou por ele e exigiu que ele fosse o seu parceiro no filme. Novamente a Paramount acatou a exigência e o filme além de ter sido um grande sucesso, salvou o estúdio da falência. Em gratidão à Mae West, um dos edifícios do estúdio, foi batizado com seu nome. 
Em 1934, Mae ganhou um novo inimigo: o Código Hays. Mae agora via seus filmes sofrerem ameaças. A primeira censura que Mae enfrentou, foi com o título de seu próximo filme que originalmente se chamaria "It Is not No Sin", que acabou se chamando "Belle of the Nineties" (Uma Dama do Outro Mundo). Mesmo com algumas censuras no texto, o filme foi um sucesso. Mae não teria tanta sorte em seu próximo projeto: "Goin 'to Town" (Senhora da Alta Roda) de 1935, que foi tão prejudicado pela censura, que acabou recebendo críticas mistas.
Seus próximos filmes, sofreriam cortes mais intensivos e não fariam tanto sucesso, por causa disso, Mae foi incluída na famosa lista dos venenos de bilheteria. Mesmo amargando uma fase ruim, Mae West era considerada em alta por diversos produtores de Hollywood, chegando inclusive a receber um convite de David O. Selznick para interpretar Belle Watling, em "E o Vento Levou" (Gone With the Wind). Em 1940, Mae estrelou ao lado de W.C. Fields a comédia "My Little Chickadee " (Minha Dengosa) que foi um sucesso e novamente Mae West despertou a fúria dos conservadores que criticaram negativamente a sua personagem.
Em 1943, Mae estrelaria "Sedução Tropical" (The Heat's On), filme que a princípio Mae não queria fazer e só aceitou o papel, após muita insistência de Gregory Ratoff que era o produtor e diretor do filme e seu amigo pessoal. Dessa vez Mae teve como inimigo a Columbia, estúdio que produziu o filme e que a impediu de escrever suas próprias falas, como resultado disso, o filme foi um fracasso de bilheteria. Após esse filme, Mae percebeu que estava perdendo espaço no cinema e que se continuasse, seria sua ruína. Foi então que Mae decidiu voltar para os teatros, onde havia mais liberdade de expressão. Mae já na casa dos 50 anos, lotava casas em Las Vegas e palcos da Broadway. Sua carreira ganhava um novo fôlego. Foi aplaudida de todas as formas ao trazer de volta "Lili Diamond", em 1949. 
Na década de 50, teve seu próprio show de teatro, em Las Vegas, onde cantava rodeada de homens musculosos. Ainda na década de 50, recebeu o convite de Billy Wilder, para estrelar "Crepúsculo dos Deuses" (Sunset Blvd.) que a princípio seria uma comédia. Insegura por causa do Código Hays e por não poder escrever suas falas, acabou recusando o papel de Norma Desmond. Após Wilder contar com a recusa de Mary Pickford, ele reescreveu o roteiro, como um filme Noir e teve Gloria Swanson sugerida por George Cukor para o papel principal de Norma.
Mae seguiu toda a década de 50, recusando qualquer papel para o cinema, porém fez algumas participações televisivas e chegou a gravar um disco e a escrever uma autobiografia. Mae retornaria aos filmes em 1970 em "Myra Breckinridge", em uma pequena participação e em 1978 em "Sextette", sua última aparição, aos 85 anos. Em 1971, Mae West foi eleita pela UCLA, a "Mulher do Século", pela sua luta contra a censura. Mae West faleceu em 22 de novembro de 1980, aos 87 anos. Em 1999, foi eleita a 15ª maior lenda feminina pelo American Film Institute.

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