CINEMATECA - ESCÂNDALO NA SOCIEDADE (WHERE LOVE HAS GONE)

Dirigido por Edward Dmytryk, com roteiro de John Michael Hayes e baseado no livro de Harold Robbins, escrito em 1962, "Escândalo na Sociedade" (Where Love has Gone), possui muitas semelhanças com uma história real, vivida por uma das maiores lendas de Hollywood: Lana Turner.
Lana Turner virou manchete dos jornais, após sua filha Cheryl, matar seu então namorado Johnny Stompanato. Lana conheceu Stompanato em 1957, um pouco depois dela ter se divorciado pela quinta vez. Após estar envolvida com Stompanato, Lana descobriu que ele mantinha ligações com a máfia de Los Angeles e decidiu romper o relacionamento, com medo de se prejudicar. Stompanato não cedeu e eles continuaram juntos. A partir de então um relacionamento abusivo começou. Lana era vítima constante de surras, crises de ciúmes e ameaças de morte. Lana se sentia incapaz de cortar o laço abusivo, por medo de perder a própria vida e por medo de Stompanato decidir se vingar dela, através de alguém que ela gostasse.
Uma das histórias mais conhecidas desse relacionamento abusivo, ocorreu em 1957, quando Lana filmava com Sean Connery, o filme "Vítima de uma Paixão" (Another Time, Another Place). Lana chegou a ser agredida por Stompanato e ficar afastada durante três semanas das filmagens. Lana chegou a procurar a Scotland Yard para que eles deportassem Stompanato, porém ele conseguiu se esquivar e apareceu de surpresa no set de filmagens. Stompanato estava desconfiado que Lana estava tendo um affair com Connery e o ameaçou na frente de todos com uma arma. Connery não se intimidou e acabou dando uma surra em Stompanato. Após esse incidente Lana finalmente teve o apoio da Scotland Yard que deportou Stompanato.
Ao voltar para os EUA, Lana foi intimidada por Stompanato a não comparecer a uma cerimônia do Oscar, onde Lana estaria concorrendo ao prêmio pelo seu desempenho em "Caldeira do Diabo" (Peyton Place). Lana não se intimidou com as ameaças e foi à cerimônia. Acabou não ganhando o prêmio. Em 4 de abril de 1958, Stompanato chegou na casa de Lana e tiveram uma forte discussão. Stompanato dessa vez estava decidido a pôr fim na vida de Lana. Do seu quarto, Cheryl escutou toda a discussão e saiu em defesa da mãe. Foi até a cozinha e pegou uma faca. Quando Lana conseguiu se desvencilhar dos ataques de Stompanato, Cheryl lhe desferiu um golpe no estômago. Um único golpe pôs fim a todo um período de abuso e violência, porém o pior ainda estava por vir. Por ser uma figura pública, o nome de Lana Turner, foi amplamente explorado em todos os tabloides. Após uma onda de escândalos, Cheryl foi absolvida. E Lana amargou um período no ostracismo, dando a volta por cima, ao ser convidada por Douglas Sirk, para uma refilmagem de "Imitação da Vida" (Imitation of Life).
O autor de "Where Love has Gone" sempre negou qualquer tipo de ligação de sua história, com o crime ocorrido, mas o enredo é bastante parecido. O filme que foi produzido em 1964, começa com as manchetes anunciando que Danielle Miller (Joey Heartherton), assassinou Rick Lazich, último amante de sua mãe Valerie (Susan Hayward). Luke (Mike Connors) começa então a descrever os eventos que antecederam a tragédia. Através de flashbacks, o filme mostra como Luke e Valerie se conheceram e como a mãe de Valerie, a Senhora Gerald Hayden (Bette Davis) era uma exímia manipuladora. Após o nascimento de Danielle, o casamento vai à ruína, com o alcoolismo de Miller e com as infidelidades de Valerie. A Senhora Gerald novamente se impõe e exige que Valerie se divorcie de Miller. Após alguns anos, Danielle se torna uma moça atraente e acaba disputando o mesmo homem com sua mãe. Após o filme voltar ao presente, Danielle afirma no tribunal, que cometeu o crime para defender sua mãe, porém Valerie conta que a verdade não é justamente essa, mas que Danielle estava mesmo era disposta a matá-la e que Rick foi morto por tentar defendê-la de Danielle.
O filme traz dois dos maiores nomes da antiga Hollywood: Susan Hayward e Bette Davis. Antes de se conhecerem, uma admirava o trabalho da outra. Susan ficou muito ansiosa e apreensiva por trabalhar com Bette Davis, a quem tinha como um exemplo. Susan acabou tendo um comportamento distante e frio com Bette, que encarou o comportamento de Susan como hostilidade. A verdade era que Hayward estava bastante nervosa ao trabalhar com Bette e não conseguia expôr isso, enquanto Bette pensava que Susan era uma atriz esnobe e indiferente. Até mesmo com a equipe de filmagem, Susan teve um comportamento distante, enquanto Bette, mesmo temida por muitos, era mais acessível e extrovertida.
Ao final das gravações, Bette Davis se indispôs com os produtores, ao se recusar a gravar uma sequência, a qual ela argumentava que "não tinha nada a ver com a personagem". Os produtores tentaram processá-la, mas no final ela acabou ganhando o caso, não filmou a cena e a sequência foi adaptada para a personagem de Susan Hayward.

"Escândalo na Sociedade" , foi lançado pela Classicline. Clique na capa, para maiores informações ou para comprar:


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